Até o final da Copa do Mundo no Catar, você provavelmente vai observar a marca chinesa Hisense pelas placas publicitárias em volta dos gramados ou quando a transmissão mostrar o placar. Pode ser que em um primeiro momento o nome passe despercebido, mas essa é uma daquelas situações em que, uma vez tendo conhecimento, ele será reconhecido em todos os lugares. Isso porque a gigante asiática acabou de desembarcar no Brasil, trazendo seu portfólio de eletrodomésticos e ar-condicionado. Já presente em 160 países, o objetivo por aqui é tornar o mercado nacional o segundo maior das Américas em faturamento, atrás apenas dos Estados Unidos, onde já é a segunda maior vendedora de televisores — apenas das telas a laser (tecnologia que utiliza raio laser para compor imagem de máxima resolução) foram comercializadas 1 mil por mês. Com a estratégia de preços competitivos e tecnologia, a companhia visa entrar na sua casa e faturar US$ 160 milhões nos próximos três anos.

Enquanto o nome Hisense pode parecer estranho, outro já é bem conhecido dos brasileiros e integra o portfólio da marca, a Toshiba. Fabricada e distribuída no Brasil em uma parceria com a Multi (antiga Multilaser), a chinesa é responsável pela divisão de TVs da marca desde 2018, quando a comprou por R$ 369 milhões. Junto da operação da Toshiba, a europeia Gorenje também ajuda a mostrar os caminhos de atuação no Brasil. Adquirida pelo grupo em 2018, a empresa vende eletrodomésticos com alto valor agregado no País, com destaque para as geladeiras. É da Gorenje que também vem o vice-presidente para o Brasil da Hisense, o esloveno Matjaz Cokan.

Por aqui, a Hisense espera repetir o que faz a nível mundial, onde é a segunda maior vendedora de TV. Em sua vitrine, a TV a laser é o destaque, com tamanhos grandes e tecnologia que promete imagens com melhor qualidade e menos emissão de luz azul. Esse modelo, assim como todos os televisores de marca própria, só deve chegar no Brasil no segundo semestre de 2023, integrando um mercado disputado, mas que desde 2019 está em queda no País. Este ano, até setembro, pouco mais de 8 milhões de unidades foram vendidas, volume 4,32% menor no comparativo com 2021, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

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“No primeiro passo, estamos trazendo o produto importado para ganhar posicionamento no mercado e ter conhecimento da marca” Matjaz Cokan VP da Hisense para o Brasil.

Por enquanto, apenas as linhas de eletrodomésticos, como máquina de lavar, geladeira e ar-condicionado, estão disponíveis, com valores que miram os públicos A e B. “É um processo orgânico de trazer produtos para o mercado”, disse Cokan. “Como já temos uma marca do mercado que é a Toshiba, a gente precisa garantir que uma não vai competir com a outra.” Para o posicionamento de preço das TVs, o objetivo é ficar abaixo das concorrentes Samsung e LG, garantindo mais competitividade e a terceira posição em market share, quando somado à Toshiba.

A entrada no mercado brasileiro vem aos poucos. Em um primeiro momento, parcerias com o varejo, sem planos concretos de abrir lojas próprias ou iniciar uma operação on-line. Na estrutura, um centro de distribuição em São Paulo e os planos de toda chinesa que chega ao Brasil: ter produção nacional. “No primeiro passo, estamos trazendo o produto importado para ganhar posicionamento no mercado e ter conhecimento da marca, para poder justificar investir na fabricação [nacional]”, disse Cokan. O espelho para essa estratégia está no México, onde o grupo está inaugurando sua segunda fábrica. Para os primeiros clientes brasileiros, a empresa já tem uma rede de assistência técnica especializada, atendimento ao cliente em português e o aplicativo para os produtos inteligentes já está traduzido.

Globalmente, a receita do grupo foi de US$ 27,2 bilhões em 2021, com US$ 11,3 bilhões provenientes dos mercados externos. Com atuação que inclui de telefonia a produtos para uso hospitalar, a Hisense tem um longo caminho de crescimento e o Brasil passa a ter um papel importante nessa jornada.