Brasileira está entre as vítimas que participavam de tradicional celebração de rua filipina em Vancouver. Polícia prendeu no local canadense de 30 anos e investiga motivação do incidente, descartando terrorismo.Um homem atropelou uma multidão que participava de um festival de rua promovido pela comunidade filipina em Vancouver, no Canadá, matando ao menos 11 pessoas – incluindo uma brasileira – e deixando vários feridos na noite de sábado (26/4).

A polícia de Vancouver informou que está investigando o incidente ocorrido no Festival Lapu Lapu e que um homem de 30 anos, de Vancouver, foi preso no local.

O chefe interino da polícia de Vancouver, Steve Rai, afirmou que o suspeito do atropelamento agiu sozinho e foi indiciado por homicídio. Ele foi identificado como Kai-Ji Adam. “Neste momento, estamos confiantes de que o incidente não foi um ato de terrorismo”, afirmou o departamento de polícia de Vancouver.

O carro usado no atropelamento, um veículo SUV preto, invadiu a rua quando milhares de pessoas comemoravam o Lapu Lapu Day, festival anual que celebra o líder indígena filipino Datu Lapu Lapu, que enfrentou os colonizadores espanhois liderados por Fernão de Magalhães na Batalha de Mactan, em 1521, tornando-se um herói nacional.

Os organizadores do evento definem o heroi nacional Lapu Lapu como a representação da “alma da resistência nativa, uma força poderosa que ajudou a moldar a identidade filipina diante da colonização”. O festival ocupa vários quarteirões, com barracas de comida, apresentações ao vivo e exibições culturais.

A comunidade filipina é uma das maiores em Vancouver – há mais de 38 mil residentes de origem das Filipinas na cidade, o que representa quase 6% de sua população, segundo o censo canadense de 2021.

Barulho alto e terror

O empresário James Cruzat, que estava no local do evento, ouviu um carro acelerar o motor e, em seguida, “um barulho alto, como um estrondo alto” que ele inicialmente pensou que poderia ser um tiro.

“Vimos pessoas na rua chorando, outras estavam correndo, gritando, ou até mesmo berrando, pedindo ajuda. Então tentamos ir até lá apenas para verificar o que realmente estava acontecendo, até que encontramos alguns corpos no chão. Outros estavam sem vida, outros feridos”, disse Cruzat.

O prefeito de Vancouver, Kenneth Sim, disse em suas redes sociais que a cidade forneceria mais informações assim que possível.

“Estou chocado e profundamente triste com o terrível incidente ocorrido no evento do Lapu Lapu Day”, disse. “Nossos pensamentos estão com todas as pessoas afetadas e com a comunidade filipina de Vancouver durante esse momento muito difícil”.

O primeiro-ministro Mark Carney e outras figuras políticas canadenses publicaram mensagens expressando consternação e apoio às vítimas.

“Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos das pessoas mortas e feridas, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Estamos todos de luto com vocês”, escreveu Carney.

Brasileira entre as vítimas

Entre os 11 mortos no atropelamento estava a brasileira Kira Salim, de 34 anos. Segundo informações divulgadas por sua família, ela vivia no Canadá desde 2022 junto com seu marido, uma cachorra e cinco gatos. Ela nasceu no Rio de Janeiro, filha de filha de mãe argentina e pai gaúcho, e se formou musicista na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 2015.

Kira concluiu um mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação na Universidad Europea del Atlántico, na Espanha, e era registrada como conselheira clínica pela Associação de Conselheiros Clínicos da Colúmbia Britânica (BCACC), no Canadá. Desde 2024 ela trabalhava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, na cidade de New Westminster.

Em suas redes sociais, Kira afirmava que seu objetivo era “facilitar e orientar jovens e comunidades marginalizadas para prosperarem em suas vidas”.

Ela trabalhou anteriormente como professora de música de ensino médio e ajudou a adaptar acomodações acadêmicas especiais para estudantes neurodivergentes e com deficiências. Segundo sua família, Kira era uma defensora da causa animal e dos direitos humanos, especialmente da causa LGBT.

gs/rc (AFP, AP, ots)