O famoso parque Hopi Hari passa por um momento decisivo em sua história, uma vez que está em Recuperação Judicial desde 2016 e precisa acertar um plano de pagamentos aos credores ainda neste mês para continuar em operação e não falir.

Com recente proposta de compra feita por um grupo de empresas concorrentes, a empresa se vê ainda mais pressionada, já que a dívida adquirida pelo parque de diversões sediado em Vinhedo (SP) supera os R$ 500 milhões.

A situação ganhou novos contornos na semana passada com a notícia de que um grupo quer comprar o espaço. Encabeçado por Beto Carrero World, Playcenter e Wet’n Wild – todos eles parques concorrentes –, o grupo também conta com recursos do Senpar, RTSC e KR Capital, que, juntos querem quitar a dívida e investir mais R$ 150 milhões.

+ Beto Carrero, Playcenter e Wet´n Wild tentam comprar o Hopi Hari

De acordo com o conglomerado de parques concorrente, apoiam a iniciativa a PrevHab e o BNDES, dois dos principais credores do Hopi Hari no plano de recuperação judicial.

O plano do Hopi Hari

Para se prevenir da proposta, que o Hopi Hari considera polêmica, o megaparque de Vinhedo iria levar aos credores, na quarta-feira (3), uma proposta de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) para quitar a dívida e reestruturar o parque de diversões. A empresa que vai injetar o dinheiro, segundo o Hopi Hari, é a Whitehall & Company LLC, banco norte-americano de investimentos em ativos.

A assembleia geral estava marcada para esta quarta-feira, mas o juiz da 1ª Vara de Vinhedo, Fábio Marcelo Holanda, ordenou a suspensão do encontro por 30 dias a pedido dos credores, que querem mais informações sobre a proposta feita pelo grupo de concorrentes. Além disso, ele também pede mais informações sobre o aditivo e o passivo do Hopi Hari.

Segundo Alexandre Rodrigues, presidente do Hopi Hari, a proposta do grupo concorrente induz os credores ao erro. Ele é cordial ao comentar sobre os outros parques, elencados como “empresas excelentes”, mas afirma que o grupo quer causar tumulto para derrubar a recuperação judicial, uma vez que eles não conhecem os números reais da dívida.

O objetivo da proposta de compra, na opinião de Rodrigues, é levar o Hopi Hari à falência e, depois, assumir a massa falida na “bacia das almas”. Além disso, ele acredita que esses interessados erraram ao atravessar a Recuperação Judicial, propondo uma compra aos credores e não aos acionistas, que são os responsáveis administrativos do parque.

“Essa proposta dos investidores é uma insensatez, porque eles textualmente dizem que não conhecem a dívida e essa proposta de compra está condicionada a conhecer a dívida. Eles induzem o credor a votar contra, para derrubar o plano de recuperação, e depois analisarem os números para dizerem que não querem mais a compra”, comentou.

Sobre a entrada da Whitehall no negócio, Rodrigues comentou que se tratava de uma carta na manga, mas que precisou ser apresentada agora para dar mais solidez ao processo. O presidente do Hopi Hari disse, inclusive, que sem o dinheiro da Whitehall o parque já conseguiria cumprir com o plano de recuperação e pagar todos os seus credores.

Apoio do BNDES

De acordo com as informações passadas por Alexandre Rodrigues, o BNDES sozinho garante 90% dos valores devidos aos credores. Em agosto, quando foi realizada a última assembleia de credores, o banco de fomento pediu suspensão do plano para poder analisá-lo melhor. Desde então, Hopi Hari e técnicos do BNDES fizeram reuniões para ajustar os pontos da dívida e viabilizar o plano.

O grupo liderado por Beto Carrero World, Playcenter e Wet’n Wild garante que teria o apoio do BNDES para o projeto de compra apresentado na semana passada. Rodrigues disse que não acredita nessa movimentação contrária do BNDES.

“Eu não diria que o BNDES quer mais números ou menos números. O BNDES é um monstro da economia, todos os profissionais lá dentro são competentes, mas eles querem conforto nos acordos e nós entendemos isso”, projetou.