Smartwatches estão em alta há pelo menos cinco anos. As vendas não param de crescer. No primeiro trimestre deste ano, foram comercializadas 165.068 unidades. No segundo trimestre, 183.950. Aumento de 11,4%. Os números são do levantamento IDC Tracker Brazil Wearables Q1 2022 e Q2 2022, realizado pela IDC Brasil, especializada em inteligência de mercado e serviços de consultoria. Mas o estudo não revela só isso. O mercado de relógios básicos cresceu ainda mais. Foram 105.159 unidades nos três primeiros meses deste ano e 118.259 de abril a junho. Alta de 12,4%. O setor, que vinha em queda até 2019, antes da pandemia, comemora o fato de os ponteiros estarem girando mais rapidamente do que os displays digitais. O consumidor tem voltado a procurar marcas e estilos tradicionais. E se aumentou o número de unidades comercializadas, o faturamento das empresas do setor foi ainda mais elevado pela majoração dos preços e da subida do valor do dólar. O Grupo Movado, de relógios próprios de luxo e detentor de licenças de marcas fashion como Tommy Hilfiger, Hugo Boss, Lacoste e Scuderia Ferrari, é um dos players mundiais que tem ganhado espaço nesse cenário. A receita global em 2021 foi de US$ 732,4 milhões, 44% maior do que a do período anterior. O Brasil acompanhou esse ritmo. “O momento é favorável, bom para a empresa e para o segmento de forma geral, no mundo e no Brasil que tem se destacado nessa retomada”, afirmou Lucas Gonzalez, CEO do Grupo Movado no Brasil.

A companhia, líder no País em relógios fashion, deve fechar 2022 com cerca de 350 mil unidades vendidas no mercado brasileiro. Confirmada as projeções, será o melhor ano da história, superando os resultados de 2019, que registrou recordes de vendas e faturamento. A liderança é puxada pela Tommy Hilfiger, com share de 35% a 40%. “O Brasil é o segundo maior mercado do mundo para os relógios Tommy”, disse Gonzalez. Atrás apenas dos Estados Unidos. Lacoste e Hugo Boss são outras duas licenças do grupo que transitam no Top 5 das mais vendidas por aqui.

NOVA POSIÇÃO Grupo Movado faz rebranding de marca própria, que tem entre seus modelos o Aço 3600865, por R$ 5.550, em média. (Crédito:Divulgação)

A Vivara é parceira comercial e operacional do Grupo Movado no mercado nacional. A empresa de joias monta em sua fábrica de Manaus (AM) os relógios cujos componentes vêm separados. E comercializa os produtos em suas 300 lojas espalhadas pelo País e também em seu e-commerce. As vendas on-line, que antes de 2020 representavam 10% da receita do Grupo Movado, já são responsáveis por 20%. Esse percentual deve aumentar gradativamente com a entrada da companhia nos marketplaces e nos canais próprios das licenciadas. “Vamos aproveitar a sinergia das marcas que têm investido em branding”, afirmou o CEO.

Outro giro nos ponteiros do grupo para avançar no mercado nacional foi dado ano passado, quando assinou contrato de licença com a Calvin Klein, que estava fora da rota da Brasil havia dois anos. Os primeiros modelos chegaram novamente às prateleiras das lojas tupiniquins em meados deste ano. “Calvin Klein complementa nosso portfólio de forma pontual, pois atinge um público mais jovem, com modelos mais alternativos”, disse o executivo da Movado, ao observar que a marca tem potencial para ser uma das quatro mais significativas do grupo nos próximos dois anos.

REBRANDING Além de diversificar seu portfólio, o Grupo Movado começa a fazer no Brasil seu rebranding, que começou pelos Estados Unidos e Europa. O reposicionamento ocorre principalmente na marca própria de mesmo nome do grupo – possui ainda Mvmt e Olivia Burton, adquiridas nos últimos anos. Dentro do categoria relógios Movado, uma parte era de design suíço, mas a produção não era. “Agora, tanto o maquinário quanto o modelo serão swiss made”, afirmou Lucas Gonzalez. Com isso, os preços devem ser reajustados em 35%, com ticket médio de R$ 6,5 mil. Atualmente, a linha própria representa 8% do faturamento da companhia. “Acreditamos que em dois anos represente até 20%”, disse o CEO. Com ajustes na engrenagem e aproveitando a hora certa para crescer.