Atenção, investidores. É hora de acertar o relógio de suas aplicações com os ponteiros da economia. O ano começou em clima de otimismo: Bolsa de Valores em alta, valorização do real frente ao dólar e sinais de que os aumentos da taxa básica de juros seriam interrompidos. Na semana passada, porém, soou o alarme no mercado interno: o dólar teve sete altas consecutivas entre 7 e 15 de março, o fluxo de investimento estrangeiro recuou e a Bolsa caiu depois de quebrar nove recordes e chegar próxima dos 30.000 pontos. Como se comportar diante desse cenário? Saiba aqui o que os especialistas recomendam para o seu dinheiro.

CÂMBIO
Se o dólar se valorizou, é hora de voltar a comprar a moeda? Não aposte nisso. De acordo com Emanuel Silva, sócio da Gap Asset Management, a alta recente do dólar foi apenas um ajuste de curto prazo. Em um ou dois meses, a moeda poderá cair frente ao real ? a expectativa é de que o câmbio termine o ano por volta de R$ 2,80. Os fatores que levaram à queda do dólar desde o ano passado ? seu enfraquecimento frente ao euro e outras moedas e o superávit recorde no Brasil no caso do real ? não se alteraram. ?A alta na taxa de câmbio foi resultado da recente intervenção do Banco Central, que elevou a cotação?, diz o gestor. ?Esse movimento, no entanto, já foi interrompido.? Segundo Silva, o euro também pode se valorizar um pouco mais diante da moeda americana, mas sem surpresas. ?É bobagem pensar que a economia européia pode suplantar a americana?, avalia.

BOLSA DE VALORES
Quem acompanha a Bovespa desde o início do ano se surpreendeu com os nove recordes consecutivos de pontuação. O responsável pelos bons resultados foi, basicamente, o maior fluxo de investimentos estrangeiros. Entretanto, na semana passada, a curva se inverteu e o Ibovespa caiu para menos de 28.000 pontos. Nesse contexto, surge a dúvida: esse é um bom momento para aplicar no pregão? ?É preciso cautela? avalia Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management. ?A aversão ao risco no mercado internacional está subavaliada, uma mudança no humor estrangeiro pode alterar a rota da Bovespa.? De acordo com Póvoa, é preciso ficar atento à economia americana. Se houver aumento da inflação, pode ocorrer um aumento mais agressivo da taxa de juros por lá. Isso tornaria os títulos do Tesouro dos EUA mais atraentes, roubando divisas e derrubando a Bolsa por aqui.

JUROS
Na quarta-feira 16, o Banco Central anunciou o aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que agora é de 19,25% ao ano. A medida confirmou as expectativas dos analistas. A inflação acumulada nos últimos 12 meses está bem acima do objetivo do governo para o ano ? o IPCA até fevereiro ficou em 7,39% enquanto a meta do BC é de 5,1%. A dúvida é se o Banco Central dará uma folga ao mercado, mantendo a mesma taxa nos próximos meses. Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, não acredita nessa hipótese. ?Em março ainda teremos reajuste de preços de transporte urbano em São Paulo e Porto Alegre, de tarifas de água e esgoto em algumas capitais e do minério de ferro, que impactam a inflação.? Caso a previsão se confirme, é provável que a renda fixa seja, mais uma vez, a grande estrela do ano no mercado financeiro local.