30/08/2013 - 21:00
A mudança no Itamaraty após a renúncia do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, se converteu numa excelente oportunidade para que o organismo seja chacoalhado e tome prumo rumo a uma maior agressividade no campo econômico. Não é de hoje, o Brasil vem experimentando acentuada baixa de resultados na sua balança comercial, muitas vezes motivada pela falta de bons acordos com parceiros de porte como os EUA e a Europa. Só neste ano, a balança já acumula déficit de cerca de US$ 3,86 bilhões. As exportações seguem em queda. As importações ficaram mais caras por conta do dólar alto.
E o vínculo atávico com parceiros latinos tem prejudicado as chances de uma maior abertura do País para contratos bilaterais mais rentáveis e promissores em outros cantos do mundo. O que o Itamaraty tem a ver com tudo isso? Com uma política externa hesitante e míope, a pasta contribuiu, ao longo dos últimos tempos, para afastar eventuais interessados em alternativas comerciais diretas, sem a necessidade de anuência do Mercosul. Uma chancelaria mais eficaz precisa passar a funcionar como mascate das mercadorias e empresas nacionais em todos os continentes.
A hora é essa e o Brasil necessita cada vez mais de excelente desempenho nessa área. Por uma questão ideológica e por simpatia com governantes da região, as seguidas administrações de Lula e Dilma centraram esforços e interesses comerciais no eixo sul-americano. Inúmeros acenos e concessões foram feitos nesse sentido à Argentina, à Venezuela, à Bolívia, etc., sem a esperada reciprocidade. Ao contrário, o que exportadores brasileiros têm encontrado na maioria das vezes é má vontade e burocracia, que redundam em gordos prejuízos. Mais um exemplo nesse sentido foi dado pela Argentina recentemente.
O país de Cristina Kirchner passou a represar nas fronteiras milhares de encomendas de calçados e peças, com a surrada tática da operação tartaruga. A Federação das Indústrias em São Paulo acumula queixas aos montes e registros de prejuízos por conta dessas barreiras infundadas e prejudiciais à produção nacional. E as autoridades brasileiras seguem fechando os olhos à prática. É de se esperar que o novo ministro, recém-empossado, Luiz Alberto Figueiredo, dê nova direção ao assunto e aja com rigor contra artimanhas dos vizinhos. Da mesma maneira que é desejável que ele adote uma visão mais ampla para potenciais negócios em outras rotas de comércio que não a do Mercosul.