Não vai haver trégua. O prazo será curtíssimo. O desafio, enorme! A eventual troca no comando da economia, com a ascensão de Michel Temer à Presidência do País, terá de ser feita ao mesmo tempo em que reformas estruturais e ajustes inadiáveis demandarão aprovação imediata do Congresso, sob pena de levar o País ainda mais fundo ao buraco. A herança da gestão Dilma até aqui é desastrosa, para dizer o mínimo. E poderia ser bem pior, caso se insistisse no modelo em curso. Analistas apontam que, com Dilma na direção, o PIB poderá cair em 2016 algo próximo de 6%.

Um baque incomparável no mundo. Com o impeachment, dizem, será possível sonhar com a retomada e crescimento do PIB da ordem de 1,2% já em 2017. O ânimo do mercado com essa possibilidade foi sentido ao longo da semana após a aprovação do processo na Câmara. Bolsa em alta e dólar recuando sinalizaram a melhora de humor. Na lista de prioridades almejadas pelos empresários estão o corte de gastos públicos e a estabilidade das regras. Contam também a desvinculação parcial das receitas do Orçamento e as reformas previdenciária e trabalhista.

É preciso que o Estado, seja sob o comando de Dilma ou de Temer, reconheça que a crise econômica decorre basicamente do desequilíbrio fiscal estatal. Um desequilíbrio que foi aprofundado pelos erros de política monetária. O que sonha a produção é com mais crédito, menos juros e oportunidades para o desenvolvimento de seus negócios. Michel Temer alinhava um plano para preparar o terreno. Sabe que vai se deparar com uma dívida pública imensa e com a ruína dos resultados em setores vitais como petróleo e energia. Estuda maneiras de reduzir o déficit primário. Quer ampliar as concessões e as privatizações.

Pretende incentivar os investimentos privados aprimorando as normas regulatórias e incrementando obras de infraestrutura. Um dos pontos cruciais de seu ajuste estará na negociação da dívida dos Estados – muitos dos quais caminham para a bancarrota. Temer conta a seu favor com um voto de confiança que Dilma deixou de ter há muito tempo. Ele não pode desperdiçar a chance e sabe que conta com uma única bala para acertar em cheio no alvo. A virada na economia precisa ter início e as chances de acontecer com Temer são bem maiores.

(Nota publicada na Edição 964 da Revista Dinheiro)