Muitas gerações de brasileiros ainda se lembram da figura do médico de família, aquele simpático personagem que atendia os clientes em casa e acompanhava-os durante toda a vida. O atendimento domiciliar, no entanto, tornou-se
um serviço caro e cada vez mais difícil de ser contratado. Hoje, empresas de atenção domiciliar tentam resgatar a modalidade no País. O home care, nome dado ao serviço em inglês, começou a ser prestado no Brasil por meio da rede pública, mas só atingiu larga escala nos anos 1990 quando passou a ser oferecido pelos convênios de saúde. Agora, o atendimento residencial dá sinais de tornar-se uma opção para quem pode pagá-lo sem o subsídio do plano de saúde. Na maior parte dos casos, o atendimento é contratado como alternativa de internação do paciente, que, em vez de ser hospitalizado, recebe o tratamento em casa. Há famílias que também usam a assistência em domicílio apenas para monitoramento de portadores de necessidades especiais e doenças crônicas. ?A atenção domiciliar garante maior qualidade de vida aos pacientes, o atendimento é personalizado e a proximidade dos familiares freqüentemente acelera a recuperação?, diz Ari Bolonhezi, presidente do Núcleo Nacional das Empresas de Assistência Domiciliar.

O primeiro passo para a contratação do serviço é a autorização de um médico da empresa de home care. Esse profissional deverá discutir as condições clínicas do doente com os médicos que já tratam da saúde da família ou a equipe do hospital em que o paciente está internado. Os remédios também podem ser administrados em casa. Aparelhos e outros materiais necessários ao bem-estar do paciente (como respiradores artificiais, por exemplo) podem ser providenciados pela empresa de assistência domiciliar, mas por tempo determinado. Hoje, a maior parte das contratações é feita via cobertura autorizada pelo convênio médico, pois a transferência do doente do hospital para casa implica em redução de custos da ordem de 30% a 50% para os planos. Na contratação individual, é difícil avaliar qual a economia que se pode obter com o serviço particular. Segundo Carlos Eduardo Tavolari, gerente comercial da empresa de atenção domiciliar Home Doctor, o serviços de internação em casa podem custar de R$ 900 a R$ 20 mil, de acordo com a patologia do cliente. Apesar do valor alto que o serviço atinge, em alguns casos pode valer a pena. É preciso fazer as contas. Apenas para comparação, o custo diário de internação na UTI de um hospital de grande porte pode chegar a R$ 5 mil.

Uma grande vantagem do home care está nos serviços de acompanhamento médico indicado para portadores de doenças como diabetes, hipertensão e até Aids, ou deficientes físicos, que requerem cuidados constantes. A Home Doctor oferece um programa de acompanhamento para pacientes crônicos com visitas médicas, enfermagem semanal, central telefônica de emergência 24 horas e todos os equipamentos necessários por mensalidades a partir de R$ 980. ?Se você acha que o valor é alto, considere que uma consulta médica em São Paulo custa, em média, de R$ 300 a R$ 400?, compara Tavolari. Um programa inovador lançado pela Home Doctor é o Baby Care, espécie de consultoria médica que ensina cuidados básicos com o bebê para gestantes e pais de recém-nascidos. Além de enfermagem e central de emergência, nele há também médico plantonista à disposição da família. Pode ser contratado pelo preço médio de R$ 250 ao mês. Há também programas para portadores de HIV, que tem caráter preventivo, no qual a empresa até cadastra o paciente para receber o coquetel anti-Aids distribuído pelo sistema público de saúde. ?Hoje, as empresas de home care são muito flexíveis na oferta de serviços, com programas de atendimento que podem ser montados de acordo com as necessidades do paciente?, diz Tavolari.

ENTENDA O HOME CARE

O que é?
Atendimento médico na casa do paciente. Pode substituir a internação hospitalar ou monitorar portadores de necessidades especiais e doenças crônicas.

Como funciona?
Os serviços podem ser contratados diretamente das empresas especializadas, mas é preciso autorização médica. A maioria dos planos de saúde oferece cobertura somente depois de avaliar a requisição de cada cliente.

R$ 240 milhões é o quanto movimenta o setor anualmente no País