24/02/2019 - 14:47
A gigante chinesa Huawei apresentou neste domingo um novo telefone dobrável, aproveitando o encontro mundial da telefonia em Barcelona (Espanha) para tentar chamar a atenção para as suas inovações após as acusações dos Estados Unidos de espionagem.
Na véspera da abertura do Mobile World Congress (MWC), Huawei procurou atrair os olhares para seus avanços tecnológicos ao apresentar seu primeiro celular com tela dobrável, o Mate X, compatível com as futuras redes ultrarrápidas 5G.
Quatro dias atrás, a líder mundial do setor, a sul-coreana Samsung, apresentou seu próprio aparelho em São Francisco (EUA).
“Nossos engenheiros trabalharam nesta tela por mais de três anos”, explicou um representante da empresa chinesa, Richard Yu.
Este smartphone, que estará disponível para compra ainda este ano, será vendido a partir de 2.299 euros, acima dos 1.745 euros do Galaxy Fold da Samsung.
“É muito caro”, admitiu Yu. “Mas nós estamos trabalhando para reduzir o preço”, disse ele.
Dobrado, o telefone tem uma tela de 6,6 polegadas (16,8 cm) na frente, um pouco maior que a do iPhone Xs Max, e outra de 6,3 polegadas (16 cm) na parte de trás. Desdobrado, obtém um tablet com uma tela de cerca de 8 polegadas (20,3 cm).
Além disso, o grupo chinês mostrará aos operadores do mundo e organizadores do MWC -a GSMA-, seus avanços em 5G, a quinta geração de redes móveis que proporcionarão uma conectividade quase instantânea para smartphones e objetos como carros e robôs.
A Huawei enfrenta a preocupação expressa pelos Estados Unidos sobre a possibilidade de a China usar seus equipamentos, com ou sem o envolvimento da empresa, para espionar as comunicações nas futuras redes 5G.
“Temos enfrentado nos últimos meses vários desafios relacionados à segurança cibernética, levantados por vários países sob a pressão de uma potência”, disse a repórteres em Barcelona Guo Ping, presidente rotativo do grupo chinês.
De fato, 2018 foi marcado pela proibição de equipamentos chineses nas futuras redes 5G nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
O governo dos Estados Unidos pediu que seus principais aliados europeus sigam o exemplo, o que pode representar um golpe para a Huawei, cujo primeiro mercado fora da China é a Europa.
De qualquer forma, o horizonte na Europa não parece tão negativo para a Huawei. Em janeiro, o operador alemão Deutsche Telekom expressou temores num relatório interno sobre os riscos de atrasos na implantação de 5G se o governo der as costas à Huawei, uma preocupação também levantada pela GSMA, a principal associação da indústria de comunicações móveis.
E, em 18 de fevereiro, o serviço de inteligência britânico estimou que era possível limitar os riscos de espionagem ligados ao uso de equipamentos da Huawei.