31/03/2021 - 14:13
A pressão do governo dos Estados Unidos sobre a Huawei, fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações, impactou o faturamento da empresa ao redor do globo. A companhia teve queda na receita em todos os mercados fora da China. A maior baixa foi nas Américas (-24,5%), seguida por Europa, Oriente Médio e África (-12,2%) e Ásia (-8,7%), de acordo com dados do balanço, publicado nesta quarta-feira, 31.
Segundo a Huawei, a queda no faturamento nessas regiões está concentrada na divisão de equipamentos para os consumidores finais, como celulares, tablets e computadores, que foram proibidos de rodar aplicativos do Google, como YouTube, Gmail, Maps e PlayStore, bastante populares entre os usuários.
Os Estados Unidos incluíram a Huawei, desde meados de 2019, em uma espécie de ‘lista negra’ de empresas que representam potenciais ameaças no campo da cibersegurança, de acordo com a visão do governo de lá. Como consequência, qualquer grupo norte-americano ficou impedido de fazer negócios com a multinacional chinesa – o que levou ao veto para aplicativos Google.
“Estamos enfrentando uma situação desafiadora com as restrições dos Estados Unidos. São oposições injustas e não razoáveis”, afirmou o diretor de comunicação corporativa, Karl Song, em entrevista coletiva à imprensa.
O executivo admitiu que o veto pesou sobre o balanço, uma vez que a divisão de equipamentos para consumidores finais responde por 54% do faturamento consolidado do grupo. Os outros segmentos da companhia são as infraestruturas de redes (34%) e tecnologia da informação (12%).
“Mas estamos muito felizes que temos outros motores de crescimento”, complementou Song, referindo-se ao desenvolvimento do 5G em vários países, soluções de inteligência artificial, computação em nuvem e internet das coisas. Como exemplo mais específico, o diretor citou que a Huawei está trabalhando em parceria com montadores para prover soluções digitais para os carros inteligentes e autônomos.
Huawei fecha 2020 com lucro apesar de pressão dos EUA
A despeito da queda da receita nos outros continentes, a Huawei fechou o ano com crescimento em seus números consolidados. A Huawei teve lucro líquido de 64,6 bilhões de yuans (US$ 9,9 bilhões) em 2020, crescimento de 3,1% na comparação com 2019.
A receita total do grupo cresceu 3,8% nesse período, totalizando 891 bilhões de yuans (US$ 137 bilhões). O avanço foi puxado pela ampliação de 15,4% no faturamento na própria China, que não é apenas a terra natal da empresa, mas também seu mercado mais representativo.
A Huawei classificou o ano de 2020 como desafiador pelo efeito da pandemia, que impactou negativamente a economia dos países em todos os continentes. Por outro lado, apontou uma tendência clara de maior digitalização das atividades ao redor de todo o mundo, reforçando a demanda por infraestrutura e soluções em telecomunicações.
O diretor de cibersegurança, Marcelo Motta, acrescentou que outros efeitos também atingiram o resultados da companhia, como a redução do Produto Interno Bruto na América Latina, somado à desvalorização do câmbio em países como Brasil e Argentina.
Huawei prevê ampliar presença em 5G no Brasil
A Huawei chegou ao fim de 2020 com 140 redes 5G comerciais implementadas em 59 países e regiões. Segundo a companhia, há muito espaço para o desenvolvimento da nova tecnologia na América Latina em 2021 e 2022, considerando a realização do leilão do 5G recentemente no Chile, e a proximidade do mesmo tipo de certame no Brasil, Argentina e México.
“Estamos satisfeitos que o governo brasileiro endereçou o leilão e apoia o livre mercado”, disse Motta, referindo-se à ausência de veto para que fornecedores de equipamentos atendam as teles no sinal do 5G.
Motta reiterou a expectativa de que o leilão do 5G no Brasil ocorra por volta da metade desde ano e afirmou que a Huawei estará pronta para atender a demanda das operadoras com o fornecimento de redes.
“Considerando que esse leilão aconteça na data prevista, esperamos mais investimentos no 5G e estamos prontos a atuar com os operadores locais, tanto para as frequências atuais quanto as próximas que serão leiloadas”, declarou o executivo.
Ele acrescentou que também vê potencial para atuar em projetos direcionados para atender os setores da agricultura, mineração e indústria, entre outros.