12/12/2012 - 21:00
Por muito tempo o sul da Flórida foi o principal polo de atração para os investidores latino-americanos que buscavam o mercado imobiliário na América Latina. A crise que começou em 2008 derrubou os preços dos imóveis em mais de 60%. As pechinchas atraíram os investidores estrangeiros, incluindo, claro, os brasileiros. O cenário, no entanto, está mudando. Agora, além das ensolaradas praias da Flórida, os brasileiros estão desbravando novas regiões e a bola da vez é a ilha de Manhattan. Nova York está atraindo cada vez mais compradores brasileiros, especialmente aqueles que buscam um espaço luxuoso e confortável para morar, passar férias ou fazer reuniões de negócios.
Útil e agradável: os empresários curitibanos Marcelo Vaz (à esq.) e Fernando
Zanicotti viram em Nova York uma maneira de unir trabalho e lazer
Esse é o caso dos empresários curitibanos Fernando Zanicotti e Marcelo Vaz, que acabaram de adquirir dois imóveis na Big Apple. No ramo de investimentos há alguns anos, Zanicotti e Vaz viram uma oportunidade na região. “Temos muitos negócios nos Estados Unidos, e Nova York tem sido o principal destino para prospectar clientes”, diz Vaz, que viaja ao país algumas vezes por ano e viu, na aquisição do imóvel, uma forma de reduzir gastos com as viagens e investir. “A oferta de imóveis, com preço e condições sem precedentes, torna o investimento muito interessante”, afirma. Antes de baterem o martelo, os empresários pesquisaram bastante. “Tem imóveis para todos os gostos e bolsos”, diz Zanicotti.
Yan Paoli Sanches, do Trump Soho: “O proprietário não precisa
se preocupar em buscar um inquilino, nem com a manutenção do local”
“Dá para comprar bons apartamentos entre US$ 400 mil e US$ 5 milhões”, afirma. Zanicotti e Vaz não estão sozinhos. Segundo Ligia Mello, especialista da Hibou, empresa de pesquisas para o mercado imobiliário, os brasileiros são a sexta nacionalidade no ranking de estrangeiros que adquirem produtos nos Estados Unidos, atrás de Canadá, China, México, Índia e Reino Unido. “Considerando apenas Nova York, os brasileiros compraram um de cada dez imóveis vendidos para estrangeiros em 2012, uma alta de 21% em relação a 2011”, afirma Ligia. Para Frederico Gouveia, corretor da imobiliária americana The Corcoran Group, os preços não caíram tanto quanto em Miami, mas o potencial de valorização da região e a alta liquidez chamam a atenção dos brasileiros.
Clientes do Brasil compraram um de cada dez imóveis vendidos
para estrangeiros em Nova York em 2012
“A ilha não tem mais espaço para expansão, assim, dificilmente um imóvel fica mais do que 20 dias sem uma oferta para locação ou para venda”, afirma o corretor. “O retorno do investimento, para quem compra com o objetivo de alugar, fica em torno de 5% a 6% ao ano, em dólar”, diz. Além disso, segundo Gouveia, como a demanda na região é crescente, o proprietário pode alugar o imóvel por um período, e usufruir da propriedade nas férias. “O imóvel fica alugado por dez meses no ano, e nos outros dois o proprietário vai para lá, descansar com a família”, diz. Esse é o modelo utilizado pelo Trump Soho Hotel Condominium, luxuoso edifício de 46 andares localizado na área central da cidade.
Frederico Gouveia, corretor: “Dificilmente um imóvel fica mais do que 20 dias
sem uma oferta para locação ou para venda”
A transação funciona da seguinte forma: o cliente compra uma unidade do condomínio, totalmente mobiliada, e pode utilizá-la por até 120 noites por ano. Nas outras épocas, a unidade fica disponível para locação, sob a operação do hotel Trump Soho. “O proprietário não precisa se preocupar em buscar um inquilino, nem com a manutenção, já que tudo fica sob a responsabilidade do hotel”, afirma Yan Paoli Sanchez, diretora de vendas do empreendimento. Os imóveis no Trump Soho custam a partir de US$ 870 mil para um studio – o equivalente a uma quitinete – e de US$ 1,1 milhão para um apartamento de um quarto. Segundo Yan, 12% do total das unidades vendidas nos últimos 12 meses foi para brasileiros.
Trump Soho Hotel: 12% do total das unidades vendidas nos últimos 12 meses
foi para brasileiros
Para adquirir um imóvel no Exterior, nos Estados Unidos ou em outro país, é essencial contar com uma assessoria de um corretor local e de um advogado para esclarecer as questões tributárias e sucessórias, que podem onerar, e muito, a compra. Esse cenário fez com que imobiliárias americanas viessem ao Brasil para captar mais compradores. Foi o caso da americana Elite International Realty. Impulsionada pela alta do valor dos imóveis no Brasil, aliada à queda dos preços e dos juros nos Estados Unidos, a empresa veio ao Brasil oferecer empreendimentos de US$ 200 mil a US$ 10 milhões. Os resultados foram surpreendentes.
“A procura tem sido tão grande que resolvemos trazer ao País representantes de bancos para financiamento, advogados para os detalhes legais e até decoradores”, afirma Leo Ickowicz, diretor da imobiliária. Segundo Ickowicz, após seis encontros de negócios em São Paulo, Curitiba e Ribeirão Preto, as vendas para brasileiros chegaram a US$ 150 milhões e, do total de imóveis vendidos, 40% foram de valores acima de um milhão de dólares. “O mercado imobiliário americano segue aquecido para brasileiros porque lá os preços e os juros estão baixos e há perspectivas de valorização, mas no Brasil os preços dos imóveis continuam em alta”, diz o empresário.