Por Gilson Magalhães*


Daqui a um ano, talvez, não estejamos mais dialogando pelos mesmos canais ou trocando informações da mesma maneira, dada a impactante mudança tecnológica que estamos começando a presenciar. A Inteligência Artificial (IA) Generativa representa uma revolução hoje tal qual os primeiros computadores foram nas décadas de 1970 e 1980, algo tão novo que está transformando completamente a forma com que as pessoas consomem produtos e serviços e influenciando o modo como interagem com a tecnologia. É o equivalente a um buraco negro, exercendo uma misteriosa atração tão forte que fica difícil escapar.

 

De acordo com o Gartner, o investimento em soluções de IA generativa nos últimos três anos foi de US$ 1,7 bilhão, o que resultou na descoberta de medicamentos inovadores e num maior financiamento do desenvolvimento de software de IA. Existe a expectativa, por exemplo, que até 2030 um grande sucesso de bilheteria será lançado com 90% do filme gerado por IA (do texto ao vídeo).

 

A inteligência artificial generativa é uma tendência avassaladora que expande a produção de sistemas de IA para incluir elementos de alto valor, como vídeo, narrativa, códigos, dados sintéticos e até projetos e designs. Ao mesmo tempo que desperta o medo e acaloradas discussões sobre seus limites, abre um universo de possibilidades para a evolução humana. Imagine, por exemplo, um médico estar atendendo um paciente com determinada doença e ter acesso em tempo real a um recente estudo publicado por uma das mais renomadas universidades do mundo, com um excelente protocolo testado e comprovado, para tratar exatamente aquela enfermidade?

 

Formulando perguntas estratégicas

Soluções como o ChatGPT serão um novo paradigma para a maneira de pensarmos e nos deslumbrarmos com a tecnologia. Por meio da IA generativa, será possível alcançar respostas com base em toda a literatura jamais publicada sobre qualquer assunto, um recurso extremamente poderoso em relação à visão limitada de um profissional em qualquer escritório, área ou setor. Embora revolucionário, o modelo é apenas a aurora de uma inovação muito maior, que irá habilitar soluções capazes de tarefas mais sofisticadas.

 

A expectativa não é que os recursos de AI substituam a mente humana, mas sim que potencializem seus atributos para outras áreas como criatividade, lógica, política e estudos sociais. Acima de todos os benefícios que o conhecimento preditivo proporcionado pelo ChatGPT possa apresentar, é importante lembrar que essa ferramenta será sempre limitada pela qualidade e relevância dos dados com o qual é alimentada. Um exemplo disso é o resultado pífio do modelo de IA nas competências de raciocínio lógico, matemática e conhecimentos em áreas como história, geografia e idiomas.

 

Reduzindo barreiras para a IA generativa 

Os recursos de IA e aprendizado de máquina em aplicativos nativos da nuvem vêm sendo cruciais para que as empresas consigam avançar na jornada de transformação digital. O maior desafio tem sido lidar com questões operacionais das equipes de IA e ML, que precisam de uma plataforma ágil, escalável e flexível, que seja consistente e abrangente, independentemente da carga de trabalho.

 

Desenvolver e implantar modelos de ML e aplicativos inteligentes em produção mais rapidamente é um benefício enorme não apenas para os cientistas de dados, mas também elimina dores de cabeça das equipes de operações. O open source permite acelerar o pipeline de aprendizado de máquina e entregar aplicações inteligentes capazes de descobrir, aprender e oferecer previsões e recomendações automaticamente. Dessas funções dependem recursos e soluções de ponta que são diferenciadas pelo alto valor agregado, que vão desde direção autônoma, manutenção preditiva e cadeias de suprimentos aprimoradas, até uma melhor análise de risco, redução de fraudes, serviços mais personalizados e resultados de pesquisa mais rápidos.

 

Ser um profissional capacitado para levantar as questões mais oportunas durante processos ágeis suportados por dados abertos será o grande divisor de águas entre perder o controle (o que pode acontecer a qualquer momento de forma bastante previsível e sutil, conforme sugerem alguns livros), e seguir evoluindo e avançando por novos horizontes. Descobrindo e mergulhando neste incrível buraco negro da atualidade. Os recentes impactos do ChatGPT e do advento da IA generativa sugerem que talvez seja necessário voltar algumas casas no tabuleiro estratégico e não focalizar esforços apenas nos resultados, mas principalmente na maneira como elaboramos e nos preparamos para fazer perguntas.

*Gilson Magalhães é presidente da Red Hat Brasil e gerente regional de Vendas Enterprise para a Red Hat América Latina