16/05/2007 - 7:00
Imagine comprar um luxuoso iate avaliado em US$ 16 milhões por apenas US$ 2 milhões – um oitavo do preço.
Pode parecer brincadeira, soar como propaganda enganosa, mas a empresa inglesa YachtPlus está pondo em prática esse plano de venda e, de quebra, revolucionando o setor náutico na Europa. O segredo não se esconde em alguma promoção mirabolante com descontos sensacionais. A lógica do negócio é simples: os donos de iates não costumam navegar o ano inteiro e, para essa turma, sai mais em conta comprar um oitavo da embarcação. “As pessoas não investem apenas em bens, mas sim em experiências”, disse Han Verstraete, CEO da YachtPlus, ao jornal americano The New York Times. Bota experiência nisso. Sem ainda ter lançado ao mar nenhum dos dez iates encomendados para formar a frota, a empresa já vendeu 32 cotas. “Os nossos clientes são aquelas pessoas que já possuem três grandes casas, Ferrari na garagem e são donos de jatos”, diz Verstraete. Para eles, portanto, o brinquedinho almejado é uma embarcação de luxo e a YachtPlus surge como a porta de entrada para esse sonho tão caro.
A empresa está mudando o mercado porque está criando um novo conceito de negócios no setor náutico.
ELEGÂNCIA: com capacidade para 18 pessoas, ele tem sala de estar, suítes com vista panorâmica e tripulação da empresa
Atualmente, existem companhias que cobram taxas anuais para que os clientes usem os barcos durante um determinado período do ano. Neste caso, os usuários não são os proprietários do iate. A empresa americana Yacht Share, baseada em Miami, faz esse tipo de negócio. O modelo é, de certa forma, o mesmo adotado em grandes empresas americanas como a gigante NetJets, empresa de jatos executivos do megainvestidor Warren Buffett, ou a Exclusive Resorts, que reúne vários hotéis e pertence ao empresário Steve Case. Em ambas as companhias, paga-se uma taxa de adesão que custa alguns milhares de dólares e depois desfruta-se do serviço ao desembolsar outra quantia anual. A vantagem desse modelo é que o cliente torna-se dono da embarcação e ainda pode lucrar com ela. Pelo acordo, cada um dos oito proprietários pode usar o barco por cinco semanas por ano e, nos restantes dias vagos, o iate é alugado para charter e parte do dinheiro vai para o bolso dos donos.
US$ 2 milhões é o valor de cada uma das cotas da YachtPlus
Para facilitar a vida dos proprietários, em sua maioria europeus, durante o inverno no Velho Continente, os barcos ficarão baseados no Caribe e, no verão, permanecerão nas águas do Mediterrâneo. Dessa forma, garante-se tempo bom durante quase todo o ano. Mas, se o sol não aparecer, não será nem um pouco penosa a permanência a bordo. Construído pelo estaleiro italiano Cantieri Navali Rodriguez, pousado em La Spezia, ele tem 132 pés, o equivalente a 40 metros de extensão, e é elegantemente decorado. O design da embarcação ficou a cargo do arquiteto inglês Norman Foster, o mesmo que projetou o novo aeroporto de Pequim. Além de linhas modernas, ele tem quatro deques acessados por uma escada em espiral. Nos andares, há cabines, salas de jantar, de estar e de cinema. Ele tem capacidade para 18 pessoas e ainda conta com a tripulação fornecida pela YachtPlus. Os primeiros exemplares serão lançados ao mar em 2008. “A minha idéia é construir uma marca de iates contemporânea”, diz Verstraete. “Similar a uma marca de moda.” A julgar pela estratégia inovadora, tem tudo para navegar rumo ao sucesso.
