20/06/2023 - 13:31
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou nesta segunda-feira, 19, que apreendeu a quantidade recorde de 28,7 toneladas de barbatanas de tubarão, em Santa Catarina e em São Paulo, que seriam exportadas de forma ilegal para a Ásia. De acordo com o órgão, a quantidade de material confiscado, tratado como iguaria de alto valor no mercado internacional, é a maior registrada em todo mundo.
Pelos cálculos do Ibama, cerca de 10 mil tubarões morreram em razão desta pesca irregular, sendo 4.400 da espécie Azul (Prionace glauca) e 5.600 da espécie Anequim (Isurus oxyrinchus) – também conhecida como Mako. Esta segunda entrou recentemente na lista nacional de animais ameaçados de extinção.
Do total de barbatanas apreendidas, 27,6 toneladas foram confiscadas em uma empresa de exportação localizadas em Santa Catarina, e 1,1 tonelada no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, onde outra companhia tentava exportar as iguarias para o continente asiático. As apreensões foram realizadas por meio da operação Makaira.
“Essas apreensões de forma integrada representam a maior registrada no mundo, principalmente considerando se tratar de uma apreensão na origem, onde os tubarões são capturados”, informou o Ibama em nota.
A pesca direcionada para tubarões não é permitida no Brasil. Para driblar a fiscalização, as embarcações usavam licenças de captura de outras espécies de peixe. De acordo com o instituto, os caçadores ainda atuavam com índices acima de 80% da carga permitida, e não apresentavam a documentação necessária para praticar a pesca do animal.
“A partir de minuciosas análises das origens destas barbatanas, em especial de sua captura, constatou-se várias irregularidades cometidas pelas embarcações, que vão desde a captura com ausência de licença para àquela modalidade de pesca, captura direcionada para tubarões em desacordo com a licença de pesca e pesca proibida com o uso de equipamentos de pesca em desacordo com a legislação”, disse o Ibama.
“As embarcações também deixaram de utilizar medidas obrigatórias para evitar a captura e morte de aves marinhas, o que causou milhares de mortes de aves, sendo algumas de espécies consideradas ameaçadas de extinção”, completou a autarquia, que enfatizou que a pesca irregular tem provocado a diminuição das populações de tubarões em todo mundo.
De acordo com um estudo publicado na última quinta-feira, 15, na revista Science, que coletou mais de 20 mil horas de imagens de vídeo de recifes em 67 países da África, Oriente Médio, Ásia, Australásia e América, cinco espécies de tubarões de recifes mais comuns (cinzento-dos-recifes, lixa, caribenho, pontas-negras-do-recife e galha-branca-oceânico) tiveram uma queda de população de 60% a 70% nos três anos de imagens coletadas – o que se traduz em alto risco de extinção.
A preservação dessas espécies é importante, uma vez que, por estarem no topo da cadeia alimentar, atuam como administradoras de seus ecossistemas marinhos e ajudam a manter as redes alimentares equilibradas das quais dependem centenas de milhões de pessoas.