A diferença entre o rendimento dos 10% mais ricos em relação ao das faixas mais pobres no Brasil está em seu menor nível desde 2012 (início da série histórica), mas ainda é grande. Os 10% da população com rendimentos mais elevados receberam, em 2024, o equivalente a 13,4 vezes o rendimento dos 40% da população com os menores rendimentos.

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Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo IBGE. A maior diferença entre os dois grupos foi registrada em 2018, quando marcou 17,1%.

Já o 1% da população com maiores rendimentos recebeu o equivalente a 36,2 vezes o rendimento dos 40% de menor renda. Essa também foi a menor razão da série da Pnad contínua.

Outro destaque da pesquisa foi o rendimento mensal real domiciliar per capita, que chegou ao maior valor da série em 2024, de R$ 2.020, alta de 4,7% ante 2023. Em relação a 2012 (R$ 1.696), ano inicial da série histórica, a elevação foi de 19,1%.

A massa de rendimento mensal domiciliar per capita também atingiu o maior valor da série histórica do módulo Rendimento de todas as fontes, da Pnad Contínua, iniciada em 2012: R$ 438,3 bilhões. O aumento foi de 5,4% ante 2023.

Outros dois indicadores atingiram seus maiores valores reais desde 2012: o rendimento habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 3.225) e o de programas sociais do governo (R$ 836).

A participação do rendimento do trabalho na composição do rendimento domiciliar per capita cresceu para 74,9%, ante 74,2% em 2023. Apesar da alta, essa proporção ainda está abaixo da máxima da série, de 76,9%, registrada em 2014.

A Pnad também aponta que a participação dos programas sociais no rendimento domiciliar per capita teve leve variação para cima entre 2023 e 2024, de 3,7% para 3,8%, ficando bem abaixo do ápice da série (5,9%), atingido em 2020, durante a pandemia. Em 2019, ano que antecedeu a pandemia, a participação dos programas sociais no rendimento domiciliar era de 1,7%.

Já a proporção de domicílios do país com algum beneficiário do programa Bolsa-Família recuou ligeiramente entre 2023 e 2024, saindo de 19,0% para 18,7%. Por outro lado, o percentual de domicílios com beneficiário do BPC-LOAS, assim como de outros programas sociais do governo, aumentou. No caso do BPC-LOAS, registrou-se em 2024 o valor máximo da série histórica: 5,0% de domicílios com beneficiário do programa.

A população recebendo programas sociais do governo subiu de 18,6 milhões em 2023 para 20,1 milhões em 2024. O maior número foi registrado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, com 27,5 milhões de pessoas com renda de algum programa social.

Recorte regional

O rendimento mensal real domiciliar per capita apresentou disparidades entre localidades. O Distrito Federal registrou o maior valor, marcando R$ 3.276, com São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544) na sequência, enquanto o Maranhão teve o menor, com R$ 1.078, seguido por Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231).

Entre as regiões, o Nordeste teve o menor valor de rendimento mensal real domiciliar per capita, com R$ 1.319. E o maior foi registrado no Sul, com R$ 2.499.