O mercado de trabalho aquecido ajudou a reduzir a pobreza e a miséria no País em 2024. No entanto, entre os trabalhadores ocupados, 585 mil ainda eram considerados extremamente pobres e 12,0 milhões viviam em situação de pobreza. Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 3.

Pelos critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e recomendações do Banco Mundial, a pobreza extrema é caracterizada por uma renda familiar per capita disponível inferior a US$ 2,15 por dia, o equivalente a um rendimento médio mensal de R$ 218 por pessoa em 2024, na conversão pelo método de Paridade de Poder de Compra (PPC) – que não leva em conta a cotação da taxa de câmbio de mercado, mas o valor necessário para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país em comparação com o mercado nos Estados Unidos.

Já a população que vive abaixo da linha de pobreza é aquela com renda disponível de US$ 6,85 por dia, o equivalente a R$ 694 mensais por pessoa em 2024. O IBGE esclarece que o Banco Mundial atualizou em junho de 2025 as suas linhas de pobreza, mas as informações da Síntese de Indicadores Sociais já estavam processadas, por isso o instituto optou por fazer nova atualização apenas na edição do próximo ano.

Entre as pessoas ocupadas, 0,6% foram consideradas extremamente pobres em 2024, proporção que subia a 13,7% entre quem ainda estava em busca de um emprego. Já a parcela de ocupados em situação de pobreza foi de 11,9%, ante uma fatia de 47,6% entre os que estavam procurando trabalho. A proporção de trabalhadores na pobreza e na extrema pobreza desceu em 2024 ao piso da série histórica da pesquisa do IBGE, que usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012.

“Os indicadores mostram que há pobreza entre a população ocupada, o que provavelmente está relacionado a maior vulnerabilidade dos respectivos postos de trabalho, que se traduz em rendimentos mais baixos. Por outro lado, o acesso à renda do trabalho é condição importante para garantir que os níveis de pobreza e extrema pobreza das pessoas ocupadas sejam menores do que aqueles registrados para os desocupados e para as pessoas fora da força de trabalho”, apontou o estudo do IBGE.

Na análise por grandes regiões, 24,0% da população ocupada no Nordeste era considerada pobre em 2024. No Norte, essa fatia foi de 22,2%; no Sudeste, 7,4%; no Centro-Oeste, 6,9%; e no Sul, 5,0%.

O nível de pobreza dos trabalhadores ocupados era maior entre aqueles sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (23,3%). Quanto às atividades, a incidência de pobreza foi maior entre os trabalhadores da agropecuária (29,3%) e dos serviços domésticos (22,9%).

Apenas 10 atividades econômicas concentraram 44,0% de todos os trabalhadores pobres: serviços domésticos, com 11,3% do total de ocupados nessa situação; construção de edifícios, com 8,7% desses trabalhadores; comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo, com 4,6%; restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas, 4,2%; cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza, 3,2%; criação de bovinos, 3,1%; cultivo de mandioca, 2,4%; transporte rodoviário de passageiros, 2,3%; serviços especializados para a construção, 2,2%; e manutenção e reparação de veículos automotores, 2,1%.