Em 2024, quatro em cada dez crianças e adolescentes brasileiros de até 14 anos viviam em situação de pobreza no País. Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 3.

A proporção de crianças menores de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza foi de 39,7%. A proporção de crianças brasileiras vivendo em situação de pobreza extrema foi de 5,6% em 2024.

No grupo etário de 15 a 29 anos, 25,4% viviam na pobreza, e 3,7% estavam em situação de miséria. Por outro lado, na população idosa, com 60 anos ou mais, 8,3% viviam em situação de pobreza, e 1,9% sobreviviam na extrema pobreza.

Segundo André Simões, técnico do IBGE, a proporção de idosos em situação de pobreza e extrema pobreza é menor porque há mais pessoas cobertas por aposentadoria e pensão nessa faixa etária, o que garante uma renda mínima. Se a população idosa não tivesse acesso aos benefícios previdenciários, a extrema pobreza nesse grupo passaria de 1,9% para 35,4% em 2024, e a pobreza, de 8,3% para 52,3%.

Pelos critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e recomendações do Banco Mundial, a pobreza extrema é caracterizada por uma renda familiar per capita disponível inferior a US$ 2,15 por dia, o equivalente a um rendimento médio mensal de R$ 218 por pessoa em 2024, na conversão pelo método de Paridade de Poder de Compra (PPC) – que não leva em conta a cotação da taxa de câmbio de mercado, mas o valor necessário para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país em comparação com o mercado nos Estados Unidos.

Já a população que vive abaixo da linha de pobreza é aquela com renda disponível de US$ 6,85 por dia, o equivalente a R$ 694 mensais por pessoa em 2024. O IBGE esclarece que o Banco Mundial atualizou em junho de 2025 as suas linhas de pobreza, mas as informações da Síntese de Indicadores Sociais já estavam processadas, por isso o instituto optou por fazer nova atualização apenas na edição do próximo ano.

Além da faixa etária, a questão racial também indica vulnerabilidade. Entre os brasileiros pardos, 29,8% viviam em situação de pobreza em 2024, quase o dobro da incidência vista entre os brancos, de 15,1% nessa situação. Entre os pretos, a proporção em situação de pobreza também foi mais elevada: 25,8%.

A desigualdade se repetiu na incidência de miséria: 4,5% dos pardos estavam sobrevivendo em condição de pobreza extrema, e 3,9% entre os pretos, enquanto que entre os brancos essa incidência era reduzida a 2,2%.

As mulheres negras eram o grupo mais suscetível à miséria e à pobreza. Em 2024, 37,1% das pessoas em condições de extrema pobreza eram mulheres pretas ou pardas, ante uma fatia de 12,7% de homens brancos nessa situação. Outros 14,1% dos miseráveis eram mulheres brancas, e 34,9% eram homens pretos ou pardos.

Quanto à população em situação de pobreza, 37,9% eram mulheres pretas ou pardas, ante 12,9% de homens brancos nessa condição. Uma fatia de 14,6% dos considerados pobres eram mulheres brancas, e 33,4% eram homens pretos ou pardos.