O pacote de isenção de impostos na compra de carros 0km até R$ 120 mil anunciado pelo governo federal no fim de maio ajudou em vendas, mas ainda não teve impacto sobre a produção de veículos, afirma o gerente da Pesquisa Industrial Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo.

Isso fica claro no movimento da categoria de bens de consumo duráveis, na qual os veículos se encaixam, cuja produção caiu 4,6% em junho na comparação com maio e teve queda de 3,9% ante junho de 2022. Caso o pacote do governo tivesse estimulado a produção de carros, isso teria se refletido na variação da produção de bens duráveis na margem. No acumulado do ano, a categoria ainda tem alta de 5,7% e, em doze meses, de 5,9%.

Segundo Macedo, neste primeiro momento, o efeito das isenções recaiu mais sobre a diminuição de estoques do que, de fato, sobre a produção de veículos novos pela indústria automotiva. “O setor (automotivo) vinha se caracterizando por estoques muito acima no início do ano, com paralisações e férias coletivas por esse motivo”, lembra o analista.

Ele afirma que a taxa de juros em patamares elevados, o que atrapalha a indústria, e a dificuldade na concessão do crédito, ainda caro, além das altas taxas de inadimplência, têm forte efeito sobre o comportamento produtivo dos bens de consumo duráveis, caso dos carros.

Ainda assim, na comparação com o segundo trimestre do ano passado, informou o IBGE, a fabricação de automóveis especificamente avançou 1,1%.

Nessa base, outros itens duráveis avançaram bem mais: eletrodomésticos (10,2%), com a produção da linha branca avançando 0,3%, da linha marrom, 18,1%; equipamentos de transporte (11,8%). Nessa categoria, a única produção que caiu foi a de equipamentos de mobiliário (-6,0%).