13/08/2025 - 9:18
As vendas no comércio varejista brasileiro recuaram 0,1% na passagem de maio para junho, marcando a terceira queda mensal seguida. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo IBGE.
Já na comparação com junho de 2024, houve alta de 0,3% no volume de vendas. No acumulado no primeiro semestre, o comércio registrou alta de 1,8% e, nos últimos 12 meses, o ganho foi de 2,7%.
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No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas caiu 2,5% em junho e o primeiro semestre fechou em 0,5%.
Resultado veio pior que o esperado
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,70% na comparação mensal e de avanço de 2,40% sobre um ano antes.
Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa, os três resultados combinados já dão uma distância de -0,8% em relação a março, quando houve a última alta. “No entanto, março foi justamente o fim de um período que levou ao patamar recorde da série histórica do Índice de Base Fixa. Portanto, um dos fatores para essa queda combinada dos últimos três meses é a base alta de comparação. Outros fatores que também influenciam são a retração do crédito e a resiliência da inflação, no primeiro semestre, em itens-chave, como a alimentação no domicílio”, explicou.
Vendas nos supermercados puxam queda
Das 8 atividades monitoradas, 5 tiveram queda em junho: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%), Móveis e eletrodomésticos (-1,2%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%).
As vendas nos supermercados possui a maior influência no resultado, pois funciona “como um fator âncora, impedindo que o indicador global tenha uma performance pior, já que houve predomínio de taxas negativas no intersetorial”, destaca Santos.
No comércio varejista ampliado, Veículos e motos, partes e peças caiu 1,8%, assim como Material de construção, com queda de de 2,6% entre maio e junho.
E daqui pra frente?
A expectativa entre analistas é de desaceleração gradual no ritmo do comércio ao longo do ano sob o impacto do aperto monetário realizado pelo Banco Central, que começa a aparecer de forma mais clara e afeta o crédito. A taxa básica de juros Selic está atualmente em 15% e o BC já indicou que ela seguirá em patamar elevado por tempo prolongado.
Por outro lado, ainda sustentam o consumo um mercado de trabalho aquecido com massa salarial robusta, enquanto pesam as incertezas provocadas pela tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras que entraram em vigor neste mês.
“O que ainda há de positivo para o comércio é o crescimento e melhora do mercado de trabalho com mais ocupação, mais renda e avanço da massa salarial. Isso ajuda no poder de compra”, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa no IBGE.
Para o economista Heliezer Jacob, do C6 Bank, o resultado reforça a visão de que tanto o comércio quanto a economia brasileira como um todo deve crescer neste ano menos que em 2024.
‘Entendemos que essa perda de fôlego é reflexo dos juros mais altos, que tendem a impactar os investimentos. Esperamos que o PIB cresça 2% em 2025 e 1,5% em 2026, impulsionado pelos estímulos promovidos pelo governo, como o aumento de gastos, a liberação de recursos do FGTS para os trabalhadores e o incentivo à concessão de crédito” , avaliou.
Com informações da Reuters