24/11/2015 - 0:00
Não foi desta vez que o ministro Gilmar Mendes, do Superior Tribunal Federal (STF), superou a marca do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na preferência dos comensais do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), que se reuniram no Hyatt Hotel, em São Paulo, na segunda feira 23. A plateia reuniu 383 participantes (os organizadores esperavam pelo menos 400), contra os 580 que assistiram à palestra, realizada em setembro, do titular da 13.ª Vara Federal, de Curitiba, que registrou ibope recorde para os almoços do grupo comandado pelo empresário João Dória.
Na verdade, aparentemente o dia não estava para encontros do gênero, como constatou o próprio Moro. Sua participação no encerramento do IX Fórum da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), promovido em outro hotel da capital paulista, o Renaissance, não chegou a lotar o auditório, que tem capacidade máxima para 420 espectadores, no final da tarde. Uma explicação, em princípio, pode ser o preço salgado ( R$ 700) cobrado pela inscrição no Fórum.
Gilmar Mendes, no entanto, não perdeu a verve e nem economizou no uso de seu repertório de tiradas ferinas. “Se fossemos rever hoje o Mensalão, perto do Petrolão, teria de ser julgado em juizados de pequenas causas”, afirmou o ministro, para quem o julgamento do processo do mensalão foi “extremamente importante” para a Lava Jato ter sucesso. Para o magistrado, as condenações aos envolvidos em corrupção só foram possíveis devido à Constituição Federal de 1988 que fortaleceu o Poder Judiciário e trouxe uma dimensão diferenciada ao Ministério Público. “É um patrimônio que devemos preservar.”
Ele também criticou, mais uma vez, a proibição de doações de empresas às campanhas eleitorais, a partir das próximas eleições municipais de 2016, decidida pelo STF e pelo Congresso. “Colocamos os carros adiante dos bois”, afirmou Mendes, que juntamente com os ministros Celso de Mello e Teori Zavascki, votou contra a mudança na legislação sobre o financiamento privado eleitoral.