O Ibovespa operou em alta durante praticamente toda a manhã desta terça-feira, 23. O principal índice da bolsa brasileira voltou a operar acima dos 160 mil pontos, algo que não ocorria desde o último dia 16 de dezembro. Por volta das 13h30, o Ibovespa registrava 160.289,68 pontos, em alta de 1,36%, após os dados de inflação terem subido menos que o esperado.

Divulgado mais cedo, o IPCA-15 teve alta de 0,25% em dezembro, depois de subir 0,20% no mês anterior. Com isso, a taxa em 12 meses terminou o ano com avanço acumulado de 4,41%, de 4,50% em novembro, abaixo do teto da meta contínua de 3,0% medida pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

“O dado aumenta o apetite por risco, beneficiando ações ligadas a varejo e consumo. Mesmo com a liquidez reduzida de fim de ano, o otimismo macro para 2026 e o cenário externo mais construtivo sustentam o movimento da sessão”, disse Isabella Hass, analista de mercado internacional da W1 Capital.

Ainda na agenda doméstica, parte dos agentes aguardava a entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao site Metrópoles, programada para a manhã desta terça-feira, e que foi cancelada por questões de saúde, de acordo com informação divulgada pelo próprio portal.

Já no exterior, o destaque ficou com os dados do Produto Interno Bruto dos EUA, que aumentou a uma taxa anualizada de 4,3% no último trimestre, informou o Escritório de Análise Econômica do Departamento de Comércio em sua estimativa inicial do PIB do terceiro trimestre nesta terça-feira. A economia cresceu a um ritmo de 3,8% no segundo trimestre. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 3,3%.

+Brasil fecha 2025 com inflação prévia de 4,41%, dentro do teto da meta

+Moraes diz que reunião com Galípolo foi para discutir Lei Magnitsky e não cita Master

Dólar opera em queda

O dólar perdeu força e passou a recuar ante o real nesta terça-feira após a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, cancelou uma entrevista prevista para o início da tarde por questões de saúde.

Por volta das 14h10, o dólar a vista caía 0,98%, aR$ 5,5354

A entrevista, que seria dada ao site Metrópoles, seria a primeira desde a condenação de Bolsonaro e desde que o ex-presidente indicou seu filho Flávio, senador pelo PL, como candidato à Presidência em 2026.

Nas últimas semanas, a candidatura de Flávio vinha impulsionando o dólar, em meio à leitura no mercado de que ele seria menos competitivo que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma eventual disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim, o cancelamento da entrevista – vista como um potencial evento de confirmação do nome de Flávio – trouxe algum alívio para as cotações do dólar no Brasil, que oscilava abaixo dos R$5,50 neste início de tarde.

A perda de força ocorreu a despeito de o Banco Central não ter negociado toda a oferta de dólares nas operações de linha (venda de moeda com compromisso de recompra) do meio da manhã. O BC vendeu apenas US$ 500 milhões de um total de US$ 2 bilhões ofertados em dois leilões de linha simultâneos.

Os leilões buscam atender à maior demanda por moeda neste fim de ano, quando empresas tradicionalmente enviam recursos ao exterior para pagamento de dividendos.

Este ano, especificamente, os envios estão sendo potencializados por multinacionais que buscam se antecipar ao fim, em janeiro de 2026, da isenção de imposto de renda sobre as remessas ao exterior, que passarão a ser taxadas em 10%, e ao início da taxação de 10% sobre valores recebidos acima de R$50 mil por mês em dividendos.

Na segunda-feira o dólar à vista encerrou a sessão com alta firme, de 0,97%, a R$ 5,5844, com profissionais citando justamente as tradicionais remessas de fundos e empresas ao exterior para justificar o movimento.