O Ibovespa opera em queda nesta sexta-feira, 18, refletindo a avaliação de analistas sobre quanto a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pode levar a uma postura mais agressiva por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação às tarifas contra o Brasil. O dia de agenda macroeconômica doméstica esvaziada também deixava o índice mais exposto ao noticiário local.

Por volta das 13h15, o Ibovespa opera em queda de 1,26% a 133.855.44 pontos.

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“Na carta de anúncio de taxação de 50% do Brasil, um dos pontos que o Trump coloca ali é justamente o que ele chamou de ‘perseguição’ contra o ex-presidente”, notou a analista de renda variável Bruna Sene, da Rico.

“A notícia desse mandado contra o ex-presidente em meio a esse cenário onde a gente tem essa tensão comercial com os EUA e esse viés mais político entrando no jogo, o aumento dessa tensão pode justamente trazer mais cautela para os investidores.”

Polícia Federal

O ex-presidente foi alvo nesta sexta de uma operação da Polícia Federal determinada pelo STF e terá de usar tornozeleira eletrônica, além de cumprir outras medidas restritivas, informou a corte em decisão, em uma escalada dos problemas enfrentados por Bolsonaro com a Justiça.

O presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, convocou sessão virtual do colegiado a partir desta sexta-feira para decidir sobre as medidas cautelares impostas pelo ministro da corte Alexandre de Moraes contra o ex-presidente.

“O ambiente de tensão se eleva, principalmente por nesse imbróglio também estar Donald Trump, que pode reagir à decisão de Moraes”, disse o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. A visão era endossada por outros analistas ouvidos pela Reuters.

Em Nova York, os índices não seguiam direção única, com investidores avaliando uma semana de sinais econômicos mistos, com destaque nesta sexta-feira para os dados de início de construção de moradias unifamiliares e confiança do consumidor, e também em meio a divulgações de relatórios corporativos.

Destaques

PETROBRAS PN tinha variação negativa de 0,1%, apesar do avanço dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent ganhava 1,34%, a US$70,45. PETROBRAS ON perdia 0,35%. No setor, BRAVA ENERGIA ON caía 0,11%, enquanto PETRORECONCAVO ON cedia 1,01% e PRIO ON recuava 0,21%.

VIBRA ENERGIA ON caía 1,28%, tendo no radar notícia do Brazil Journal de que a empresa teria iniciado conversas com a Cosan visando a eventual compra da empresa de lubrificantes do grupo, Moove. Em comunicados separados, tanto a Vibra quanto a Cosan disseram que não há qualquer acordo, compromisso ou documento celebrado para negócio envolvendo Moove. COSAN ON tinha declínio de 1,62%.

ITAÚ UNIBANCO PN apurava queda de 0,36%, enquanto BRADESCO PN caía 1,37%, SANTANDER BRASIL UNIT recuava 3,15% e BANCO DO BRASIL ON mostrava decréscimo de 0,43%.

VALE subia 0,22%, em dia de alta para os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian, que atingiram o maior valor de fechamento em quatro meses e meio. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China subiu 0,38%, para 785 iuanes (US$109,34) a tonelada. O contrato ganhou 3,66% esta semana.

WEG ON avançava 1,33%, também entre as poucas variações positivas do Ibovespa. A empresa anunciou na véspera que firmou um acordo para comprar parcela remanescente na PPI-Multitask, companhia especializada em integração de sistemas de automação industrial, softwares para a indústria e outras soluções.

REDE D’OR ON cedia 1,43%. A companhia informou na quinta-feira, após fechamento do mercado, que sua subsidiária Onco D’Or Oncologia formou joint venture com a New Experimental Therapeutics (Next) com o objetivo de desenvolver inovações no tratamento do câncer. Segundo a empresa, que não divulgou valores envolvidos na operação, a JV visa a realização de testes clínicos fase 1 de potenciais agentes anticancerígenos.