07/10/2019 - 17:58
Em baixa desde a abertura dos negócios, o Ibovespa aprofundou o ritmo de queda ao longo da tarde e encerrou o pregão desta segunda-feira (7) não apenas abaixo dos 101 mil pontos como no menor nível desde 3 de setembro. Segundo operadores, o mercado acionário doméstico azedou em meio à percepção de piora do ambiente político local, diante da possibilidade de atraso na votação da reforma da Previdência, e à queda firme das bolsas americanas no fim da sessão, às vésperas da retomada de negociações comerciais entre China e Estados Unidos.
Com mínima aos 100.541,89 pontos, registrada na última meia hora de negócios, o principal índice da B3 fechou aos 100.572,77 pontos, em queda de 1,93% – o que levou as perdas acumuladas em outubro a 3,98%. A sessão foi de liquidez reduzida, R$ 13,4 bilhões. Entre as 68 ações da carteira teórica do Ibovespa, apenas o papel da RD fechou em alta (+0,62%).
Para analistas ouvidos pelo Broadcast, a eventual postergação do calendário de votação da reforma da Previdência no Senado, em meio a disputas para divisão dos recursos do leilão do pré-sal, evidencia a fragilidade da coordenação política do governo e joga dúvidas sobre o sucesso da agenda de reformas.
“A desidratação da reforma da Previdência já deixou um gostinho amargo no mercado. A possibilidade de atraso no segundo turno com essa questão da barganha em torno da cessão onerosa estressou ainda mais”, afirma Rodrigo Franchini, estrategista da Monte Bravo.
Líder do PSL no Senado, Major Olímpio afirmou que talvez a Casa consiga votar a reforma em segundo turno apenas a partir do dia 22 de outubro. Comitiva de parlamentares – que inclui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – viaja dia 10 para Roma para participação da cerimônia de canonização da Irmã Dulce. O retorno ao Brasil está marcado para dia 14, véspera da data acordada para votação no Senado. Teme-se que a tramitação da reforma possa se prolongar ainda mais caso os parlamentares não cheguem a um acordo sobre a divisão dos recursos do megaleilão do pré-sal.
Por enquanto, não há sinal de mudança no volume de dinheiro do leilão do pré-sal que será destinado aos cofres da Petrobras (R$ 33,6 bilhões). Mas o embate em torno da partilha é citado como um dos fatores que prejudicam as ações da estatal, que operaram em queda mesmo nos momentos em que o petróleo subia lá fora. Com o preço da commodity virando para o lado negativo, as ações da Petrobras aprofundaram a queda – PN recuou 1,28% e ON, 1,56%.
As maiores quedas dentro da carteira teórica do índice foram das ações da Eletrobras, com perdas de 7,90% do papel ON. Os papéis foram abalados pela notícia de que o governo desistiu de injetar recursos na companhia para torná-la mais atraente aos investidores – o que pode prejudicar o processo de privatização.
“Com a economia estagnada, o mercado acaba olhando para a política. Essa briga entre Câmara e Senado pela divisão da cessão onerosa, além do fogo amigo dentro do governo, aumentou o nível de estresse”, afirma Luiz Roberto Monteiro, operador sênior da corretora Renascença, ressaltando que o investidor estrangeiro continua a retirar recursos da B3. Em apenas três pregões, em outubro os investimentos estrangeiros já registram um saldo negativo de R$ 4,381 bilhões. Fonte: Dow Jones Newswires.