A alta da maioria dos índices de ações em Nova York, na volta do feriado de quinta-feira, 4, nos EUA, e o recuo dos rendimentos dos Treasuries são insuficientes para empolgar o Ibovespa. Ainda que permaneça uma análise menos desfavorável em relação aos Estados Unidos e à pauta econômica do governo brasileiro, o indicador mira queda.

O recuo é puxado principalmente por ações ligadas ao minério de ferro, que fechou em baixa de 2,03% em Dalian, na China.

“O Ibovespa corrige um pouco, após as altas recentes. É um movimento técnico, mas ainda pode fechar a semana com valorização, a terceira seguida”, estima Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Na quinta-feira, o Índice Bovespa fechou com alta de 0,40%, aos 126.163,98 pontos – a quarta elevação consecutiva. Na semana, avançava 1,65%, por volta das 11 horas. “O movimento de ontem (quinta) com o mercado americano fechado limita um pouco a alta do Ibovespa”, acrescenta Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.

Em meio à agenda esvaziada de indicadores no Brasil, o investidor monitora o debate acerca da reforma tributária. A expectativa é de votação no plenário do primeiro projeto de lei da reforma tributária na semana que vem.

No exterior, destaque à divulgação do payroll, o relatório oficial de emprego dos Estados Unidos. Houve a criação de 206 mil empregos em junho O resultado ficou um pouco acima da mediana das expectativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de 200 mil postos de trabalho.

Já a taxa de desemprego dos EUA aumentou para 4,1% em junho, ante 4% em maio (previsão: 4%). Além disso, houve revisão para baixo do número de criação de empregos de maio, de 272 mil para 218 mil, assim como o de abril, de 165 mil para 108 mil. Em junho, o salário médio por hora teve alta de 0,29% em relação a maio, em linha como o esperado.

Apesar dos números destoantes, as apostas seguem indicando corte dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em setembro.

“Teve bastante coisa que anima o mercado, como ganhos salariais em linha e a taxa de desemprego subindo acima do consenso, além da revisão dos dados anteriores para baixo”, cita Takeo, da Ouro Preto Investimentos.

Mais cedo, antes da divulgação do payroll, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, em evento do BC indiano, ressaltou que houve progresso significativo e que a inflação dos EUA está agora em cerca de 2,5%. Contudo, ponderou que ainda há um caminho em direção à meta inflação em base sustentável e que o Fed está comprometido neste sentido.

Ao subir 0,39% mais cedo, o Ibovespa alcançou máxima aos 126.661,59 pontos, ponto considerado relevante para que o indicador faça um novo teste, diz Faust, da Manchester Investimentos. “Interessante que ontem e na quarta as máximas também ficara em torno dos 126.600 pontos, é uma região importante”, diz, reforçando que a queda em si é uma realização parcial e que a análise fundamentalista coloca um preço justo do Índice Bovespa em 145 mil pontos.

Faust considera como positivos o anúncio de corte de R$ 29,6 bilhões despesas obrigatórias pelo governo nesta semana e a expectativa de votação na semana que vem do projeto de lei para a tramitação do primeiro projeto de lei complementar da regulamentação da reforma tributária. “São passos importantes.”

A despeito do avanço da pauta econômica, a XP matém sua projeção de 145 mil pontos para o Ibovespa no final do ano. “Não altera a projeção, mas ajuda a destravar valor dos ativos locais, incluindo a Bolsa, que vinham muito pressionados”, diz o estrategista-chefe e head do Research da XP Investimentos, Fernando Ferreira.

Aqui, os investidores monitoram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participa de eventos na Grande São Paulo, nesta sexta-feira.

Às 11h25 desta sexta-feira, 5, o Ibovespa caía 0,20%, aos 125.911,19 pontos, ante recuo de 0,48%, na mínima aos 125.556,48 pontos, depois de subir 0,39%, na máxima aos 126.661,59 pontos. Petrobrás subia entre 0,75% (PN) e 1,87% (ON), mas Vale caia 0,60%.