SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira (Ibovespa) cedeu nesta segunda-feira, em sessão majoritariamente negativa para as bolsas em Wall Street, dado o avanço dos rendimentos dos títulos do governo dos Estados Unidos com perspectiva de alta de juros.

Focus: projeção mediana para PIB no fim de 2022 recua de alta de 0,36% para 0,28%

Papéis de da Vale foi a principal pressão no índice local. Ações dos setores de tecnologia, varejo e saúde também tiveram performance negativa. Já Itaú Unibanco e JBS ajudaram a limitar as perdas.

O Ibovespa caiu 0,75%, a 101.945,20 pontos. O volume financeiro da sessão foi de 22,7 bilhões de reais.

O rendimento do Treasury de 10 anos — –referência global para decisões de investimento– chegou a bater 1,808%, máxima desde 21 de janeiro de 2020, com investidores esperando cada vez mais que o Federal Reserve (Fed) comece a elevar juros já em março.

O avanço no rendimentos dos Treasuries afasta investidores dos ativos de risco, penalizando especialmente os mercados de países emergentes, como o Brasil.

Em Wall Street, os principais índices de ações tiveram sessão negativa, mas mostraram recuperação no final, com o Nasdaq virando para o azul já nos ajustes.

Na semana passada, a ata da última reunião de política monetária do Fed, o banco central norte-americano, mostrou um discurso mais duro contra a inflação, aumentando apostas de aumento na taxa de juros antes do previsto. A alta dos juros nos EUA afeta a liquidez dos mercados globais e eleva o custo de capital das empresas, pressionando as bolsas.

“O Ibovespa segue digerindo o recado que o Fed deu na semana passada”, disse Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico.

No cenário doméstico, a sinalização do presidente Jair Bolsonaro, de que não estão garantidos reajustes a nenhuma categoria de servidores, foi vista como positiva pelo mercado, mas investidores mantiveram cautela.

“A questão continua em aberto…Não está batido o martelo em nada”, disse Sanches.

Enquanto isso, a pesquisa do Banco Central com economistas desta semana mostrou elevação na estimativa para a taxa Selic em 2022, de 11,50% para 11,75%, enquanto a projeção de alta do PIB do país caiu de 0,36% para 0,28%.

Na Europa, o índice STOXX 600 caiu 1,5%, refletindo a alta dos rendimentos dos títulos pesando no setor de tecnologia, além do temor com o avanço da Ômicron.

DESTAQUES

– INTER UNIT recuou 8,6%, enquanto MÉLIUZ ON caiu 5,75%, em nova sessão negativa para empresas de tecnologia por conta do impacto do cenário de alta de juros.

– MAGAZINE LUIZA ON cedeu 7,7%, VIA ON caiu 3,84% e AMERICANAS ON recuou 2%.

– QUALICORP ON caiu 5,56%, HAPVIDA ON cedeu 5,24%, INTERMÉDICA ON recuou 4,52% e SULAMÉRICA UNIT teve queda de 3,23%, após notícias de aumento dos casos de síndrome respiratória no país, o que pode afetar sinistralidade das operadoras de saúde. Além disso, o preço-alvo de SulAmérica foi pelo Credit Suisse. REDE D’OR ON, de hospitais, também caiu 4,1%, enquanto FLEURY ON, de medicina diagnóstica, subiu 3,74%.

– VALE caiu 1,2%, enquanto CSN avançou 3,3%, CSN MINERAÇÃO subiu 0,14% e USIMINAS PNA teve alta de 4,77%. Papéis de CSN e Usiminas revertaram a queda forte da abertura, após elas anunciarem paralisação em operações de mineração em Minas Gerais por conta de chuvas intensas na região. Contratos futuros do minério de ferro caíram na China.

– PETROBRAS PN recuou 0,6% e a ação ON cedeu 0,36%. O petróleo Brent caiu 1,1% com temores sobre a demanda por conta da rápida propagação da variante Ômicron da Covid-19. PETRORIO ON subiu 1,6% e 3R PETROLEUM ON teve alta de 1,5%.

– JBS ON avançou 1,87% e MARFRIG ON subiu 1,37%. Analistas do JPMorgan previram resultados bastante fortes para ambas do quarto trimestre de 2021. O JPMorgan tem recomendação ‘overweight’ para JBS e ‘neutra’ para Marfrig.

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,9%, BRADESCO PN teve alta de 0,35%, SANTANDER UNIT avançou 1,27% e BANCO DO BRASIL cresceu 0,5%.