Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, tendo ações de consumo entre as maiores quedas, com dúvidas sobre o rumo fiscal o país e o reflexo disso nas taxas de juros e no crescimento econômico ainda minando o primeiro pregão de dezembro.

O PIB brasileiro apresentou uma boa performance no terceiro trimestre na visão de alguns economistas, mas a expectativa é que continue desacelerando até o final do ano, com menor renda disponível e efeito defasado da alta da Selic.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,39%, a 110.925,60 pontos, de acordo com dados preliminares. A queda ocorre após duas altas seguidas, período em que acumulou alta de 3,4%.

Estrategistas do BTG Pactual afirmaram estar mais cautelosos com as ações brasileiras, apesar de elas estarem reconhecidamente baratas.

“A proposta agressiva de expansão fiscal do novo governo e as incertezas em torno do novo ministro da Fazenda assustaram os mercados”, afirmaram Carlos Sequeira e equipe em relatório com as recomendações para o mês.

Em razão disso, eles estão buscando teses menos relacionadas à economia brasileira, incluindo Vale no seu portfólio, dada a potencial reabertura da economia chinesa, assim como Equatorial, vista como defensiva.

O PIB brasileiro divulgado nesta quinta-feira apresentou uma boa performance na visão de economistas, mas a expectativa é que continue desacelerando até o final do ano, com menor renda disponível e efeito defasado da alta da Selic.

No exterior, permanece a expectativa de novas flexibilizações pela China nos seus protocolos contra Covid-19, assim como a perspectiva de que o Federal Reserve reduzirá o ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos.

Wall Street fechou sem uma direção única, com o S&P 500 em queda de 0,06%.

A B3 também divulgou mais cedo nesta quinta-feira a primeira prévia da composição do Ibovespa que irá vigorar a partir de janeiro com a exclusão das ações da Positivo e nenhum papel novo.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN caiu 4,01%, a 25,59 reais, após divulgação do plano estratégico para o período de 2023 a 2027, com aumento nos investimentos, embora a perspectiva é de que o mesmo seja revisto pelo novo governo. No mês passado, alguns bancos cortaram as recomendações para a ação, em meio preocupações de que a empresa poderá reduzir os pagamentos de dividendos e passar a ter menores retornos sobre capital investido em novos projetos. A Petrobras também anunciou que reduziu o preço do querosene de aviação em cerca de 6% e encerrou, sem acordo, negociação para vender térmica em Canoas.

– BRF ON perdeu 9,02%, a 8,57 reais, mais uma vez na ponta de baixa do Ibovespa, renovando uma mínima intradia desde 2006 a 8,56 reais. No setor, JBS ON caiu 2,18%, enquanto MARFRIG ON e MINERVA ON recuaram 6,97% e 4,88%, respectivamente.

– MAGAZINE LUIZA ON recuou 9,09%, a 3,10 reais, dado o cenário prospectivo ainda difícil para setor, com as rivais VIA ON cedendo 4,59% e AMERICANAS ON perdendo 6,91%.

– IRB BRASIL ON fechou em baixa de 6,67%, a 0,7 real, renovando mínimas históricas, após proposta da resseguradora de grupamento de suas ações ordinárias na proporção de 30 para 1.

– VALE ON avançou 0,55%, a 86,18 reais, mesmo com queda dos contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian. No setor, porém, USIMINAS PNA caiu 4,48%, CSN ON perdeu 1,31% e GERDAU PN recuou 2,82%.

– EMBRAER ON fechou com elevação de 2,29%, a 13,86 reais, recuperando da queda mais forte no começo da semana – apenas na segunda-feira e na terça-feira o papel acumulou um declínio de 5,6%.

– ENGIE BRASIL ON subiu 1,8% a 40,21 reais, na quarta alta seguida, enquanto TAESA UNIT avançou 1,77% em sessão de recuperação, após o tombo em novembro, quando acumulou queda de 11,7%. Apenas na véspera, a ação recuou 4%. O índice do setor elétrico na B3, porém, caiu 0,82%.

– POSITIVO ON subiu 1,17%, a 8,67 reais. A primeira prévia da carteira teórica Ibovespa que irá vigorar de janeiro a abril não traz a ação em sua composição.