Neste ano, a economia brasileira será beneficiada pelo avanço de seus dois maiores parceiros comerciais, a China e os Estados Unidos, com reflexos positivos sobre o mercado acionário. A conclusão é de um relatório sobre perspectivas para 2014 realizado pelo BB Investimentos, empresa do Banco do Brasil dedicada ao mercado de capitais. A projeção é que até o fim de 2014 o principal índice da Bolsa deverá alcançar os 65 mil pontos, valorização de 26,2% em relação a 2013.

 

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Principal índice da Bolsa fechou o ano de 2013 com queda de 15,5%

 

O documento lista alguns fatores positivos para a economia brasileira. Os principais são o maior crescimento global, que deve valorizar as commodities minerais e, em menor escala, as agrícolas. Por aqui, o destaque serão os investimentos em infraestrutura, que devem animar o consumo e o emprego. A produção industrial, que vem mostrando sinais de recuperação, também é um ponto positivo, segundo o BB. E o varejo, apesar de apresentar taxas mais baixas de crescimento do que as dos últimos anos, terá um bom desempenho. 

 

O relatório apresenta, por setor, as ações mais promissoras para 2014 em todos os setores. A exceção são dois segmentos, o de Petróleo e Gás e o Petroquímico. Nessas áreas, o BB prefere aguardar uma definição da estratégia da Petrobras para avaliar. Agora, confira as ações recomendadas pelo BB para 2014, setor a setor. O Banco do Brasil não informa preço alvo nem perspectiva de valorização dos papéis. 

 

Agronegócios

 

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Boas safras nos Estados Unidos, o fortalecimento dos ganhos em proteínas no mercado asiático e a safra recorde no hemisfério do sul são notícias positivas para os papéis de empresas frigoríficas e exportadoras de grãos. 

 

Dentro deste segmento, as ações recomendadas são a empresa de alimentos JBS, a fabricante de massas e biscoitos M Dias Branco e o frigorífico Minerva

 

Bancos e Serviços Financeiros

 

Mesmo mantendo seu avanço na casa dos dois dígitos, o crédito deverá apresentar uma desaceleração de crescimento em 2014. Esse movimento será compensado em parte pela queda da inadimplência, que recuou pela primeira vez em 2013 desde o ano 2000. Outra aposta do BB são as empresas financeiras que operam no segmento crescente de pagamentos e programas de recompensa.

 

Nesse setor, os papéis preferidos são a processadora de pagamentos Cielo, o banco Itaú a empresa de programas de fidelidade Smiles.

 

Construtoras e incorporadoras

 

O ano de 2013 foi desafiador para as incorporadoras. Essas empresas tiveram de acelerar seus esforços para inaugurar unidades, gerar caixa e reduzir endividamento. Para 2014, a previsão é de maior seletividade por parte dos investidores, o que pode reduzir os volumes de obras, mas melhorar prazos e a rentabilidade dos projetos. 

 

Neste contexto, a MRV pode ser beneficiada pela saída de outras construtoras do programa Minha Casa, Minha Vida, reduzindo a concorrência. A Cyrela é mais um nome forte, por ter apresentado resultados consistentes nos últimos três trimestres com geração de caixa avaliada em R$ 335 milhões. Por último, a Gafisa é avaliada positivamente por ter concluído seu processo de recuperação com a conclusão de venda de 75% de participação na incorporadora Alphaville. 

 

Indústrias, Transportes e Educação

 

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O BB reúne esses três setores na mesma avaliação. Ele destaca o crescimento da indústria, que poderá chegar a 2,1% em 2014. Pontua que as concessões de obras de infraestrutura realizadas pelo governo deverão estimular o segmento de transportes, e aponta o setor de educação como um dos mais promissores atualmente, por apresentar possibilidades de ganho por meio da consolidação e aproveitar-se de uma demanda aquecida.  

 

A Tupy, representante do segmento de indústria pesada, foi considerada como uma das beneficiadas pelos incentivos do governo com o Programa de Sustentação do Investimento.  Já a Embraer poderá ser beneficiada pelo crescimento da aviação executiva e do mercado de aviação regional no Brasil e no exterior.

 

Apesar de considerar que o ano não será fácil para a Gol, os analistas do BB acreditam na melhora operacional e da rentabilidade da empresa neste ano. 

 

Considerada uma gigante do setor de educação, após a fusão com a Kroton, a Anhanguera será beneficiada pelo crescimento de renda e manutenção dos níveis de emprego e dos incentivos do Governo por meio de programas como Fies, Prouni e Sisu. 

 

Infraestrutura e Concessões

 

Uma forte injeção de recursos novos vai beneficiar o setor de infraestrutura neste ano. Esse capital virá atraído por três causas: a nova Lei dos Portos, a vinda de novas empresas e os projetos de mobilidade urbana, entre eles as concessões de rodovias e as dos Aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG).

 

A concessionária CCR é uma das mais bem posicionadas. Ela venceu a disputa pela concessão, por trinta anos, de um trecho de 847 quilômetros da BR-163, no estado do Mato Grosso do Sul e também poderá participar de licitações referentes à mobilidade urbana, como ampliações de linhas do metrô e implantação de sistemas do tipo Veículos Leve sobre Trilho (VLT) pelo País. Outra recomendação é o grupo de controle espanhol Arteris, que atua na área de rodovias e infraestrutura. O grupo gerou muito caixa em 2013 e promoveu melhorias operacionais. 

 

Papel e Celulose

 

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A proposta do governo da China de estimular o consumo interno e reduzir a dependência de importações de produtos acabados deve elevar a produção chinesa de papel, abrindo espaço para as exportações brasileiras de celulose. No Brasil, a expectativa é que as indústrias mantenham o volume elevado de produção dos últimos anos. Entre janeiro e novembro de 2013, foram produzidas 13,7 milhões de toneladas de celulose no Brasil, 7,5% mais do que em 2012. 

 

A Suzano se beneficia dos fatores externos e internos. Além da demanda chinesa, ela conta com expectativas de recuperação das compras na Europa. Internamente, sua fábrica no Maranhão, que começou a funcionar em dezembro de 2013, tem a capacidade de produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, aumentando em 45% sua capacidade instalada, que é de 3,3 milhões de toneladas por ano. 

 

Siderurgia e Mineração

 

A China também tem papel importante nos segmentos de Siderurgia e Mineração. Sua recuperação econômica vai contribuir para o aumento na demanda de commodities minerais. O dólar fortalecido frente ao real também vai favorecer as empresas exportadoras. 

Gerdau, Usiminas e Vale são recomendadas justamente pelo contexto chinês e também pela força que terão no mercado interno, já que, em 2014, passa a valer o reajuste de preços no mercado brasileiro de minério de ferro.