O dólar fechou nesta terça-feira, 9, em alta no Brasil, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana ante a maior parte das demais divisas no exterior, com os agentes também mantendo a cautela em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.

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Após oscilar em margens estreitas durante o dia, o dólar à vista fechou com avanço de 0,34%, aos R$ 5,4361. No ano a divisa acumula baixa de 12,02%. Veja cotações.

Às 17h02 na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,23%, aos R$ 5,4640.

Já o Ibovespa fechou quase estável, com Raízen e Cosan na ponta negativa em meio a movimentos de realização de lucros após ganhos expressivos recentes, enquanto as ações da blue chip Petrobras ofereceram um suporte positivo.

Investidores também voltaram as atenções para Brasília, onde a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,12%, a 141.618,29 pontos, tendo marcado 141.624,69 pontos na mínima e 142.285,53 pontos na máxima. O volume financeiro somava R$ 18,4 bilhões antes dos ajustes finais.

“O mercado atuou em modo de espera, refletindo a cautela com a semana que trará indicadores importantes, entre eles o IPCA no Brasil e os índices de inflação nos Estados Unidos, que podem redefinir expectativas de política monetária e dar nova direção aos ativos”, explicou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

O dólar no dia

A retomada do julgamento de Bolsonaro no STF, por tentativa de golpe de Estado, atraiu boa parte das atenções nesta terça-feira, com profissionais ouvidos pela Reuters voltando a citar a cautela entre os investidores.

“Dependendo do resultado, se Bolsonaro for condenado, isso pode estressar o dólar, porque pode haver novas retaliações dos EUA”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Ao estabelecer uma tarifa de 50% para os produtos brasileiros, no fim de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, usou como um dos motivos para a medida o julgamento de Bolsonaro — um aliado do republicano — no Supremo.

Na sessão inicial do julgamento nesta terça-feira, que durou até o início da tarde, o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, votou pela condenação de Bolsonaro e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. O segundo ministro a votar, Flávio Dino, finalizou seu voto no fim da tarde, também pela condenação do ex-presidente e dos outros sete réus.

Além do julgamento, a expectativa antes da divulgação na quarta-feira dos dados de agosto do IPCA, o índice oficial de inflação, permeava os negócios.

A alta do dólar no Brasil também foi favorecida pelo exterior, onde a moeda norte-americana apresentou sinais mistos pela manhã, mas à tarde firmou ganhos ante a maior parte das demais divisas.

Às 17h06, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,42%, a 97,809. No caso de alguns pares do real, porém, o dólar cedia ante o peso chileno e o peso mexicano.

Apesar do viés de alta, o dólar oscilou em margens estreitas no Brasil. Na cotação mínima do dia, às 11h, atingiu R$5, 4144 (-0,06%). Na máxima, às 13h24, marcou R$5,4411 (+0,43%).

Pela manhã, o Banco Central vendeu toda a oferta de 40.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem.

O dia do Ibovespa

Investidores também voltaram as atenções para Brasília, onde a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, votou nesta terça-feira pela condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes no processo em que o Bolsonaro é réu ao lado de outras sete pessoas, que também tiveram voto pela condenação proferido por Moraes.

Na visão do coordenador de operações na Blue3 Investimentos, João Marcos Vicente de Souza, o julgamento do ex-presidente continua no foco de investidores, mas o desempenho “lateralizado” da bolsa nesta sessão sinaliza que talvez o voto de Moraes já tenha sido em boa parte precificado.

“A bolsa poderia estar repercutindo de uma maneira um pouco mais agressiva, tanto positivamente quanto negativamente.”

Após o voto de Moraes, a previsão é de que os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin manifestem suas decisões. De acordo com agentes financeiros, há um certo receio acerca de eventuais retaliações dos Estados Unidos ao desfecho do julgamento.

Por causa do processo contra Bolsonaro, o governo do presidente Donald Trump impôs sanções a Moraes no final de julho por considerá-lo um violador de direitos humanos. Trump também citou o caso de Bolsonaro para impor tarifa comercial de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou com elevação de 0,27%, renovando máxima de fechamento, após uma revisão para baixo em dados de emprego apoiar expectativas de que o Federal Reserve cortará em breve a taxa de juros para sustentar o crescimento da maior economia do mundo.

 

DESTAQUES

– RAÍZEN PN fechou negociada em baixa de 4,44%, em pregão de ajustes após fortes ganhos recentemente na esteira de notícias envolvendo potenciais investidores na companhia, uma joint venture da Cosan com a Shell. COSAN ON caiu 3,48%, também realizando lucros, no caso dela, após nove altas seguidas, período em que acumulou valorização de 38%.

– PETROBRAS PN subiu 0,78% e PETROBRAS ON avançou 1,08%, endossadas pela alta do petróleo no exterior, onde barril sob o contrato Brent fechou com elevação de 0,56%. Investidores também repercutiram reportagem do Valor Econômico afirmando que a estatal deve incluir corte de custos de US$8 bilhões em novo plano de negócios.

– VALE ON caiu 0,3%, abandonando os ganhos de parte do pregão e ajudando a enfraquecer o Ibovespa, em dia de alta dos preços do minério de ferro na China, onde contrato mais negociado em Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 2,03%. O Bank of America elevou preço-alvo da ação da mineradora brasileira de R$60 para R$68 e reiterou compra.

– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,86%, também exercendo pressão negativa no Ibovespa, em dia misto entre os bancos do Ibovespa. BRADESCO PN perdeu 0,93% e SANTANDER BRASIL UNIT recuou 0,21%, enquanto BANCO DO BRASIL ON subiu 2,15%, sendo um contrapeso positivo.

– DIRECIONAL ON recuou 2,97%, tendo no radar relatório de analistas do JPMorgan, que cortaram a recomendação dos papéis para neutra, embora o preço-alvo tenha subido de R$15,80 para R$18. CURY ON, que também teve a classificação reduzida para neutra pelo banco norte-americano, perdeu 3,13%.

– GPA ON saltou 7,75%. Na véspera, a coluna Radar da revista Veja publicou que o presidente-executivo do Casino, Philippe Palazzi, estará no Brasil nesta semana para discutir com potenciais interessados na participação do grupo francês na companhia brasileira. O Casino detém 22,5% do total das ações ordinárias do GPA.

– MARFRIG ON subiu 4,49%, após anunciar na noite da véspera que concluirá a incorporação de todas as ações da BRF em 22 de setembro, quando os papéis de emissão da BRF serão negociados pela última vez na bolsa paulista. A partir do dia 23 de setembro, as ações passarão a ser negociadas sob o ticker MBRF3. O negócio foi aprovado pelo Cade na semana passada.