12/02/2025 - 11:40
O dólar fechou nesta quarta-feira, 12, praticamente estável ante o real, numa sessão em que a moeda norte-americana oscilou em margens estreitas e se manteve acomodada na maior parte do tempo, apesar da pressão trazida pela manhã de dados ruins de inflação nos EUA.
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O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,10%, aos R$ 5,7622. Em 2025 a moeda norte-americana acumula queda de 6,75%. Veja cotações.
Às 17h04 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido — cedia 0,12%, aos R$ 5,7800.
O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, com dados sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos endossando realização de lucros na bolsa paulista, enquanto Carrefour Brasil voltou a ser destaque positivo, ainda sob efeito do plano do controlador francês de fechar o capital do varejista brasileiro.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 1,68%, a 124.396,72 pontos, de acordo com dados preliminares, após duas altas seguidas. Na máxima do dia, marcou 126.512,74 pontos. Na mínima, registrou 124.115,91 pontos.
O volume financeiro somava R$ 24,28 bilhões antes dos ajustes finais, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro.
O dólar no dia
Pela manhã o dólar ensaiou alguns ganhos ante o real, em sintonia com o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior após o Departamento do Trabalho nos EUA informar que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% em janeiro, depois de alta de 0,4% em dezembro. Nos 12 meses até janeiro, o índice avançou 3,0%, de 2,9% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
A inflação mais alta que o esperado nos EUA elevou a percepção de que o espaço para o Federal Reserve promover mais cortes de juros é limitado, o que deu sustentação aos rendimentos dos Treasuries e ao dólar ante as demais divisas. No Brasil, às 10h33 — pouco depois da divulgação do CPI — o dólar à vista atingiu a cotação máxima do pregão, de R$ 5,7883 (+0,35%).
Como nas sessões mais recentes, porém, o dólar não se sustentou em alta no Brasil. No mercado, a percepção é de que faltam notícias realmente de impacto para a moeda retomar níveis mais elevados ou, ao contrário, voltar para abaixo dos R$5,70. Na mínima da sessão desta quarta-feira, às 15h22, o dólar à vista marcou R$5,7438 (-0,42%), mas depois se reaproximou da estabilidade.
“Diante dos efeitos que juros mais altos nos Estados Unidos exercem sobre moedas não conversíveis, como o real, o recente desempenho da divisa brasileira indica a continuidade do ajuste, após a forte desvalorização observada em dezembro”, comentou André Galhardo, consultor econômico da plataforma Remessa Online.
Pela manhã, com impactos menores no câmbio, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que é esperado que a instituição seja mais agressiva ao promover elevações da taxa básica Selic e mais cautelosa em momentos de corte dos juros básicos.
“Reação preventiva precisa sempre existir, mas é esperado também que o BC tenha uma função de reação assimétrica para altas e para baixas (da Selic). Se o BC deve ser mais agressivo num momento de alta, ele deve ser mais parcimonioso e cauteloso no momento de fazer qualquer movimento para baixo”, disse em evento no Rio de Janeiro. Atualmente a Selic está em 13,25% ao ano.
Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$350 milhões em fevereiro até o dia 7, com entradas líquidas de US$191 milhões pela via financeira e saídas de US$541 milhões pela via comercial.
Às 17h19, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — tinha estabilidade a 107,930.
Inflação persiste nos EUA
Nos EUA, o Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% no mês passado, depois de alta de 0,4% em dezembro. Em 12 meses, avançou 3,0%, de 2,9% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
A perspectiva de juros mais altos nos EUA, que permite que os rendimentos dos Treasuries continuem elevados, favorece o dólar, já que torna os ativos norte-americanos mais atrativos para investidores estrangeiros.
Operadores passaram a apostar que o Federal Reserve terá que atuar de forma ainda mais cautelosa do que o previsto para retornar a inflação para sua meta de 2%, o que significa um adiamento ainda maior dos próximos cortes de juros.
A projeção do mercado agora é que a próxima redução de juros pelo Fed ocorrerá apenas a partir de setembro, ante expectativa anterior de junho, enquanto a possibilidade de um segundo corte neste ano ficou praticamente nula.
Moedas de países emergentes
Entre emergentes, a divisa norte-americana avançava sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso colombiano. No Brasil, no entanto, o real tinha um desempenho melhor que seus pares e impedia o dólar de acumular ganhos, em movimento que, segundo analistas, não tinha uma causa muito clara.
De um lado, houve quem apontasse para o patamar ainda alto do dólar no Brasil por efeito da forte desvalorização do real no ano passado, o que ainda fornece espaço para um processo de correção do preço.
“Não vejo nada pontual ou específico atraindo a atenção do mercado e sim um desmonte de posições exageradamente defensivas realizadas no final do ano passado”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. “Em relação a nossos pares, a explicação para mim é justamente porque tivemos o pior desempenho entres os pares recentemente”, completou.
Outros analistas, no entanto, apontavam para comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento nesta manhã que teriam sido bem recebidos pelo mercado devido à sua demonstração de comprometimento com a perseguição da meta de inflação e com o aperto monetário.
“As declarações de Galípolo também sinalizaram que futuras decisões serão baseadas em novos dados da economia, tanto no cenário doméstico quanto no internacional”, afirmou Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.