12/02/2025 - 11:40
O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, 12, após duas altas seguidas, pressionado por dados de inflação mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos, enquanto a ação do Carrefour Brasil figurava entre as poucas altas ainda embalada pelos planos do controlador de ser o único dono do varejista brasileiro.
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Por volta de 11h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 1,43%, a 124.714,60 pontos. O volume financeiro somava 3,6 bilhões de reais. O dólar também tinha leve queda, de 0,14%, negociado a R$ 5,7601.
Inflação persiste nos EUA
Nos EUA, o Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% no mês passado, depois de alta de 0,4% em dezembro. Em 12 meses, avançou 3,0%, de 2,9% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
A perspectiva de juros mais altos nos EUA, que permite que os rendimentos dos Treasuries continuem elevados, favorece o dólar, já que torna os ativos norte-americanos mais atrativos para investidores estrangeiros.
Operadores passaram a apostar que o Federal Reserve terá que atuar de forma ainda mais cautelosa do que o previsto para retornar a inflação para sua meta de 2%, o que significa um adiamento ainda maior dos próximos cortes de juros.
A projeção do mercado agora é que a próxima redução de juros pelo Fed ocorrerá apenas a partir de setembro, ante expectativa anterior de junho, enquanto a possibilidade de um segundo corte neste ano ficou praticamente nula.
Moedas de países emergentes
Entre emergentes, a divisa norte-americana avançava sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso colombiano. No Brasil, no entanto, o real tinha um desempenho melhor que seus pares e impedia o dólar de acumular ganhos, em movimento que, segundo analistas, não tinha uma causa muito clara.
De um lado, houve quem apontasse para o patamar ainda alto do dólar no Brasil por efeito da forte desvalorização do real no ano passado, o que ainda fornece espaço para um processo de correção do preço.
“Não vejo nada pontual ou específico atraindo a atenção do mercado e sim um desmonte de posições exageradamente defensivas realizadas no final do ano passado”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. “Em relação a nossos pares, a explicação para mim é justamente porque tivemos o pior desempenho entres os pares recentemente”, completou.
Outros analistas, no entanto, apontavam para comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento nesta manhã que teriam sido bem recebidos pelo mercado devido à sua demonstração de comprometimento com a perseguição da meta de inflação e com o aperto monetário.
“As declarações de Galípolo também sinalizaram que futuras decisões serão baseadas em novos dados da economia, tanto no cenário doméstico quanto no internacional”, afirmou Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Outros fatores impactam Ibovespa
Investidores da bolsa paulista também analisam a mais recente revisão trimestral do MSCI Global Standard Index, índice estadunidense que acompanha ações globais. Publicada na véspera pela provedora de índices, a atualização excluiu seis ações brasileiras do portfólio que entra em vigor no fechamento de 28 de fevereiro.
Da pauta macro local, o IBGE divulgou que, em dezembro, o volume de serviços recuou 0,5% na comparação com novembro e cresceu 2,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Expectativas em pesquisa da Reuters apontavam avanços de 0,1% na comparação mensal e de 3,5% na base anual.
Na visão de analistas do Itaú BBA, “essa semana será decisiva para observar se o mercado vai retomar a alta e buscar novos patamares ou se será mais um dos inúmeros ‘voos de galinha’ que o Ibovespa fez durante esses últimos três anos, conforme relatório Diário do Grafista enviado a clientes.
Os analistas do Itaú BBA avaliam que o Ibovespa segue em tendência de alta no curto prazo e se superar os 127.400 pontos pode projetar novos objetivos em 130.900 e 137.469 pontos. Do lado da baixa, veem, o índice possui suporte inicial em 124.700 pontos, e se perder os 124.319 um movimento de realização de lucros ganhará impulso.