O dólar à vista recuava em torno de 1% ante o real nesta sexta-feira, 1, conforme os investidores reagiam a dados mais fracos do que o esperado sobre a criação de empregos nos Estados Unidos, o que fomentava apostas de que o Federal Reserve poderá retomar os cortes da taxa de juros em sua próxima reunião, em setembro.

Às 11h10, o dólar à vista caía -1,09%, a R$5,539 na venda. Na semana, a moeda acumula baixa de 0,3%.

Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, tinha alta de 0,69%, registrando 133.987,26 pontos.

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo o forte declínio da divisa norte-americana no exterior. O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 1,08%, a 98,947.

Dados do governo dos EUA mostraram que foram abertos 73 mil postos de trabalho em julho, abaixo das 110 mil vagas projetadas em pesquisa da Reuters. A taxa de desemprego, por sua vez, subiu para 4,2%, de 4,1% em junho, e em linha com a expectativa de analistas.

Os resultados elevavam as expectativas de operadores pela retomada dos cortes da taxa de juros pelo banco central dos EUA já em setembro, quando ocorrerá o próximo encontro das autoridades monetárias. Agora, operadores precificam mais de 90% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual em setembro, abaixo do pouco mais de 50% antes dos dados.

A mudança acentuada ainda é justificada pelo fato de que nesta semana, após a decisão do Fed de manter a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, sem dar indicações sobre perspectiva de corte em setembro, e de dados fortes para o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, os mercados vinham tirando as apostas no afrouxamento monetário pelo Fed.

“Até as 9h30 (horário que os dados foram divulgados), a interpretação da maior parte dos investidores e analistas era que os dados norte-americanos continuavam muito resilientes”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

“Então a reação nesse momento é de fraqueza do dólar porque cria-se preocupação sobre a saúde, a vitalidade, o vigor da economia dos EUA. Também se antecipa a possibilidade de mais cortes de juros por conta de uma economia mais fraca e aí dificulta a atração de investimentos”, acrescentou Mattos.

Tanto no cenário externo quanto doméstico, o foco dos investidores também está parcialmente voltado para o comércio, com a chegada do prazo nesta sexta-feira que o presidente Donald Trump havia estabelecido para negociações comerciais.

Trump impôs na quinta-feira tarifas mais elevadas, de 10% a 41%, para 69 parceiros comerciais.

O mercado nacional segue de olho na resposta brasileira à imposição de tarifa de 50% sobre o Brasil, mesmo que os EUA tenham excluído itens de vários setores, como suco de laranja, energia e aeronaves, da taxação maior.