O Ibovespa avança nesta segunda-feira, 10, renovando máxima intradia e buscando a 14ª alta consecutiva, embalado pelo viés positivo em praças acionárias no exterior, em meio a expectativas de término do “shutdown” do governo norte-americano.

+ Nasdaq vem ao Brasil buscar empresas para IPO nos EUA: ‘É onde está o dinheiro’

Por volta de 12h48, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,69%, a 155.120,33 pontos. Na máxima, chegou a 155.601,15 pontos, novo recorde intradia. O volume financeiro somava R$ 5,45 bilhões.

A última vez que o Ibovespa avançou por 14 ou mais sessões foi entre maio e junho de 1994, quando registrou uma série de 15 altas.

Já o dólar opera em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,321 na venda. Veja cotações.

A expectativa de que a paralisação do governo norte-americano possa terminar dava força aos ativos de risco, abrindo espaço para a queda do dólar ante o real durante a manhã. Na abertura, chegou a atingir R$ 5,3091 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro para dezembro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,48%, aos R$ 5,3305.

No domingo, o Senado dos EUA avançou com uma medida que busca encerrar a paralisação do governo federal, que já dura 40 dias, congelando a divulgação de indicadores econômicos e dificultando o funcionamento de diversos serviços.

Em uma votação sobre procedimentos, os senadores deram andamento a um projeto aprovado pela Câmara, que será emendado para financiar o governo até 30 de janeiro e incluir um pacote com três propostas de dotações orçamentárias para todo o ano. Se o Senado aprovar a versão emendada, ela ainda precisará ser aprovada pela Câmara e enviada ao presidente Donald Trump para assinatura, um processo que pode levar vários dias.

A possibilidade de a paralisação ser encerrada dava força às ações na Europa e pesava sobre o dólar ante divisas de países emergentes, como o real, o rand sul-africano, o peso mexicano e o peso chileno.

No Brasil, o boletim Focus mostrou que a mediana das projeções dos economistas do mercado para o dólar no fim deste ano seguiu em R$ 5,41 e no final de 2026 em R$ 5,50. Já a Selic projetada para o fim de 2025 seguiu em 15,00% e para o encerramento do próximo ano, em 12,25%.

Às 10h, as atenções estarão voltadas para a coletiva de imprensa de técnicos do Banco Central sobre a regulamentação de ativos virtuais no Brasil.

Em Belém, começa nesta segunda-feira oficialmente a Cop30, que contará com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Às 11h30 o Banco Central fará leilão de 45.000 contratos de swap cambial para rolagem do vencimento de 1º de dezembro.

Na sexta-feira o dólar à vista fechou com baixa de 0,27%, aos R$ 5,3347.

O dia do Ibovespa

De acordo com análise gráfica semanal da equipe do BB Investimentos, a tendência primária segue ascendente, mas o Ibovespa tem um importante ponto a ser rompido ao redor dos 154,5 mil pontos antes de seguir sua trajetória altista.

“O ponto de atenção fica por conta do índice de força relativa, que superou os 80 pontos…e os picos do indicador em julho e agosto de 2024, o que torna uma realização técnica dentro da tendência de alta um cenário razoável”, ponderou.

No exterior, o tom positivo era apoiado em expectativas de término do “shutdown” do governo norte-americano, após o Senado dos EUA avançar no domingo com uma medida que visa encerrar a paralisação que já dura 40 dias.

Os senadores norte-americanos aprovaram um projeto de lei aprovado pela Câmara que será alterado para financiar o governo até 30 de janeiro e inclui um pacote de três projetos de lei de custeio para o ano inteiro.

Caso aprovado, o projeto ainda deverá passar pela Câmara dos Representantes e enviado ao presidente, Donald Trump, para que seja sancionado, um processo que pode levar vários dias.

Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, subia 1,22%.

“Sinais de que o Congresso americano se aproxima de um acordo para encerrar o mais longo shutdown da história dos Estados Unidos animam os investidores e impulsionam os ativos de risco mundo afora”, observou a equipe da Ágora Investimentos.

A equipe da Ágora avalia que, sem as incertezas provocadas pelas paralisações, os dirigentes do Federal Reserve devem ter mais visibilidade sobre a economia, dando maior previsibilidade para a política monetária à frente, conforme relatório a clientes.

“Apesar das altas consecutivas do Ibovespa (até sexta-feira) sugerirem uma possível realização de lucros, o ambiente externo favorável, somado aos desdobramentos domésticos, pode seguir sustentando o apetite por risco e a valorização dos ativos locais.”

DESTAQUES

– MBRF ON avançava 2,79%, ampliando a alta da última sexta-feira (+5,86%), antes da divulgação do balanço nesta segunda-feira, após o fechamento. Ainda no radar, na sexta-feira, a China decidiu suspender uma proibição de importação de carne de frango brasileira após embargo em maio devido a um surto de gripe aviária no Brasil.

– BTG PACTUAL UNIT valorizava-se 1,64%, em véspera de divulgação do balanço trimestral, que será publicado antes da abertura na terça-feira. ITAÚ PN subia 0,5%, BRADESCO PN avançava 1,44% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhava 0,34%. BANCO DO BRASIL ON, que reporta seu resultado no final da quarta-feira, recuava 0,31%.

– VALE ON tinha alta de 0,6%, mesmo com a queda dos futuros do minério de ferro na China. O presidente-executivo da mineradora, Gustavo Pimenta, afirmou à Reuters que a Vale se prepara para atender um salto na demanda por minério de ferro da Índia. Ele também disse que a companhia está em “momento muito bom do ponto de vista operacional”.

– PETROBRAS PN cedia 0,68%, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent tinha elevação de 0,42%.

– LOCALIZA ON subia 3,25%, após duas quedas seguidas, retomando a tendência positiva registrada desde meados de outubro. Em novembro, os papéis já acumulam alta de 7%.

– NATURA ON caía 2,57% antes da divulgação do balanço, aguardada para o final da sessão. Analistas do JPMorgan reiteraram em relatório nesta segunda-feira recomendação neutra para as ações da fabricante de cosméticos, bem como o preço-alvo de R$10,50, avaliando que as tendências mais fracas de curto prazo devem continuar sendo o principal fator para os papéis.

– M.DIAS BRANCO ON, que não está no Ibovespa, desabava 11,31%, após resultado trimestral, que analistas do Itaú BBA consideraram mais fraco do que o esperado. Os analistas do Itaú BBA pontuaram que o declínio sequencial na margem Ebitda deve reacender o debate sobre a captura dos benefícios da combinação entre as novas ações comerciais e a esperada deflação de custos.