O Ibovespa fechou com um declínio discreto nesta segunda-feira, 1º, em meio a feriado nos Estados Unidos, o que reduziu o volume de negócios no primeiro pregão de setembro, após agosto terminar com novas máximas históricas.

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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,1%, a 141.283,01 pontos, tendo marcado 141.949,94 pontos na máxima e 140.878,3 pontos na mínima do dia.

O volume financeiro somou apenas R$ 11,98 bilhões, de uma média diária de cerca de R$ 24 bilhões no ano.

Na sexta-feira, 29, o principal índice da B3 fechou o dia em patamar recorde e o mês com valorização de 6%.

Já o dólar fechou em leve alta ante o real nesta segunda-feira, em um movimento que se seguiu à forte perda da moeda norte-americana no mês anterior, em sessão com poucos catalisadores devido a um feriado nos Estados Unidos e a uma agenda esvaziada no Brasil.

O dólar à vista fechou em alta de 0,31%, a R$ 5,4391.

Às 17h21, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,22%, a R$ 5,478 na venda.

O dólar no dia

Os movimentos do real neste pregão tiveram como pano de fundo a baixa volatilidade do dólar nos mercados globais devido ao fechamento do mercado norte-americano por conta do feriado do Dia do Trabalho, o que limitou a influência externa sobre a moeda brasileira e conteve a liquidez local.

O noticiário local tampouco trouxe novidades que justificassem apostas acentuadas para qualquer direção, mas o fato de a moeda dos EUA ter acumulado uma queda de 3,18% frente à divisa brasileira em agosto abriu espaço para ajustes de algumas posições na primeira sessão de setembro.

“O dólar até ensaiou uma queda no início do pregão, mas com a liquidez comprometida acabou valendo mais o movimento de compra local, instigada pelo dólar ter novamente encostado no piso de R$5,40 depois de mais de 3% de queda no mês passado”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Na cotação máxima do dia, o dólar atingiu R$ 5,4493 (+0,50%), às 12h05. Na mínima, a moeda alcançou R$5,4158 (-0,12%), ainda na primeira hora de negociação.

A divisa de reserva global variou em faixa estreita durante toda a sessão, oscilando apenas 3 centavos de real entre a maior e a menor cotação do dia.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,17%, a 97,667.

O resto da semana, por outro lado, será de agenda movimentada. O destaque doméstico ocorrerá já na terça-feira, quando serão divulgados dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o segundo trimestre.

Nos EUA, as atenções dos agentes estarão voltadas para sexta-feira, quando o governo norte-americano publicará o relatório de emprego do mês de agosto, com o foco em possíveis sinais sobre os próximos passos do Federal Reserve.

Qualquer novidade sobre o impasse comercial entre Brasil e EUA também pode impactar o mercado doméstico, à medida que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tenta abrir canais de diálogo para negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros.

A semana também marca o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado, o que tem sido um ponto de tensão nas relações entre Brasil e EUA.

O dia do Ibovespa

A queda ocorreu após o Ibovespa encerrar agosto na máxima histórica de 141.422,26 pontos (considerando fechamento), com ganho de 6,5% no mês. Também na sexta-feira, registrou o topo intradiário de 142.378,69 pontos.

De acordo com analistas, tal movimento ocorreu após uma safra de resultados de segundo trimestre acima do esperado das empresas brasileiras combinada com um cenário mais favorável para a queda dos juros nos Estados Unidos e no Brasil.

Nesta segunda-feira, destacou o estrategista Felipe Paletta, da EQI Research, a pesquisa Focus mostrou nova revisão para baixo em previsões de mercado para o IPCA em 2025 e 2026, corroborando o quadro cada vez melhor para queda da Selic.

Mas, acrescentou, números mais fracos sobre a atividade da indústria no país, embora endossem as apostas de um movimento de recuo dos juros, acabam trazendo preocupações sobre o resultado das empresas e desencadeando uma certa aversão a risco.

Na visão de Paletta, diante dessa combinação e um feriado nos EUA, que tira um pouco de liquidez dos mercados, o que se viu nesta sessão foi um mercado “um pouco mais lateralizado, em compasso de espera”.

Ele chamou a atenção para dados do PIB brasileiro do segundo trimestre, previstos para a terça-feira, que podem referendar apostas sobre o começo de um movimento de corte de juros no Brasil no início de 2026 ou no final deste ano.

E também citou o início, também na terça-feira, da fase final do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro acusado de planejar um golpe de Estado para permanecer no poder depois de perder a eleição de 2022.

“Isso pode trazer também alguma repercussão política para o Ibovespa nos próximos dias”, avaliou.

DESTAQUES

– BANCO DO BRASIL ON caiu 1,4%, em sessão de ajustes, após quatro altas seguidas, em dia mais fraco entre bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN cedendo 0,65%, BTG PACTUAL UNIT perdendo 0,98% e SANTANDER BRASIL UNIT fechando com variação negativa de 0,04%. ITAÚ UNIBANCO PN foi exceção e avançou 0,79%, com agentes financeiros na expectativa do evento do banco com analistas e investidores na terça-feira.

– VALE ON fechou com variação positiva de 0,07%, em dia de declínio dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato futuro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 2,67%, a 766 iuanes (US$107,09) a tonelada. PETROBRAS PN subiu 0,23%, endossada pelo avanço do petróleo no mercado externo, onde o barril sob o contrato Brent encerrou com elevação de 0,99%, a US$68,15.

– RAÍZEN PN valorizou-se 5,98%, após a maior processadora de cana-de-açúcar do mundo anunciar na sexta-feira acordo para vender as usinas Rio Brilhante e Passa Tempo por R$1,54 bilhão. Trata-se de mais um desinvestimento no processo da companhia, uma joint venture entre Cosan e Shell, para reduzir o endividamento que vem preocupando investidores e pressionando as ações. COSAN ON subiu 3,42%.

– AUREN ENERGIA ON recuou 3,04%, em pregão de ajustes, após a ação acumular uma valorização de 13,48% em agosto. O índice do setor elétrico da B3 caiu 0,84%.

– BRASKEM PNA caiu 2,88%, no segundo pregão de correção, vinda de uma série de sete altas, período em que acumulou valorização de 22%. Nos últimos pregões, o noticiário envolvendo a petroquímica incluiu o fim da exclusividade nas negociações entre o empresário Nelson Tanure e a Novonor por fatia da companhia, bem como de que a gestora IG4 e bancos credores acertaram período de exclusividade sobre a empresa, além de aplicação de antidumping envolvendo resinas de polietileno.