A desvalorização dos índices de ações internacionais nesta segunda-feira, 22, e do petróleo estimula correção parcial do Ibovespa, que voltou a ficar abaixo dos 145 mil pontos. Além da cautela internacional, em meio a temores de paralisação do governo dos EUA, o que joga os índices de ações do exterior para o negativo, há ainda parcimônia no Brasil com a dívida pública, em meio a recentes debates.

Por volta de 11h45, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 1,12%, a 144.230,03 pontos. Entre os destaques, Cosan desabava 21,33%, após anunciar uma operação de capitalização de até R$10 bilhões que busca otimizar a estrutura de capital, mas representará uma forte diluição de acionistas.

Já o dólar subia 0,67%, negociado a R$ 5,358. Veja cotações.

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Investidores adotam certa cautela antes da agenda pesada da semana, que inclui o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de setembro, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e o Relatório de Política Monetária (RPM) no Brasil.

No exterior, serão divulgados o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA e o índice PCE, indicador de inflação predileto do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

Nesta segunda-feira, a agenda é escassa, com destaque ao boletim Focus, que trouxe arrefecimento na estimativa do IPCA suavizado 12 meses à frente, a 4,36% (de 4,43%) – aquém do teto da meta de 4,50%. Já a projeção para 2025 seguiu em 4,83% e a de 2027 – foco da política monetária -, em 3,90%, assim como a expectativa para a Selic ao final de 2025 permaneceu em 15% ao ano.

Ainda há expectativa de que o Senado vote na terça-feira o Projeto de Lei Complementar (PLP) 168/2025, que viabiliza a medida provisória (MP) do pacote para socorrer as empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos e tramita sob regime de urgência. Para quarta-feira, o Senado marcou a votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, segunda parte da regulamentação da reforma tributária.

Também para ajudar nas negociações no Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu não viajar com o presidente Lula para os EUA, onde ele participa da Assembleia Geral da ONU, e cuidar de perto da pauta doméstica. Há possibilidade de votação do projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil por mês.

Outro ponto de atenção é o debate sobre a PEC da Blindagem e a anistia após os manifestos do final de semana no Brasil contrários às pautas. Aliados de Lula acreditam que a adesão às manifestações terá poder de frear a tramitação das propostas e de manter a pressão contra condenados por tentativa de golpe de Estado.

Membros da equipe econômica avaliam que há problemas sérios em relação à resolução proposta pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e de relatoria do senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) de colocar um teto de 80% para a dívida federal em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

“O mercado repercute isso, que pode travar o endividamento em 80% e gerar insegurança aos investidores, e o governo pode ficar engessado”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença. “Então, o Ibovespa realiza um pouco as recentes altas”, acrescenta Monteiro.