O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta terça-feira, 20, mas pela primeira vez acima dos 140 mil pontos, com ações de empresas de proteínas entre os destaques positivos, enquanto papéis de educação pesaram, ainda sob efeito da análise nas novas regras envolvendo ensino a distância.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,34%, a 140.109,63 pontos, novo recorde histórico de fechamento, tendo marcado 138.965,50 na mínima e 140.243,86 na máxima do dia, também recorde intradiário. O volume financeiro somava R$ 21,7 bilhões.

Em uma sessão sem notícias de impacto, o dólar oscilou em margens estreitas no Brasil e fechou a terça-feira em leve alta, com investidores ajustando posições após o recuo da véspera, em meio a preocupações com o déficit fiscal dos Estados Unidos.

O dólar à vista fechou em leve alta de 0,23%, aos R$ 5,6677. No mês, a divisa acumula leve baixa de 0,15%. Veja cotações.

Às 17h05 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido — subia 0,34%, aos R$ 5,6840.

O dia do Ibovespa

Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou com declínio de 0,39%, encerrando seis sessões consecutivas de ganhos, em pregão marcado pela alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, com o perfil da dívida norte-americana em foco.

Estrategistas do Morgan Stanley afirmaram que estão mais “bullish” com as ações da América Latina em geral, destacando, no caso do Brasil, que veem uma mudança de risco versus retorno da probabilidade de um cenário pessimista para um cenário otimista. O país teve a classificação elevada para “overweight”.

Em relatório a clientes nesta terça-feira, eles citaram que o dólar potencialmente mais fraco, taxas de juros globais mais baixas — o que poderia beneficiar o Brasil por meio do canal financeiro — e um acordo tarifário relativamente bom são os aspectos ​favoráveis.

Nikolaj Lippmann e equipe afirmaram que o “upgrade” do Brasil teve como base uma mudança nas expectativas de política monetária, com juros no pico e potencialmente em declínio, e valuations baratos. Eles pontuaram, contudo, que os riscos fiscais do país continuam elevados.

DESTAQUES

– JBS ON subiu 4,79%, em dia positivo no setor e com a votação de acionistas sobre a dupla listagem das ações ainda mais perto. MARFRIG ON valorizou-se 4,31%, retomando o sinal positivo após ajustes na véspera, enquanto BRF ON ganhou 2,44% e MINERVA ON fechou com acréscimo de 0,58%.

– COGNA ON recuou 7,79% e YDUQS ON caiu 5,07%, com agentes ainda digerindo as novas regras para o ensino a distância. Apesar da avaliação de que o novo marco reduz a incerteza regulatória, analistas também estimam efeitos nas margens do setor. Fora do Ibovespa, ANIMA ON cedeu 8,39% e SER EDUCACIONAL ON subiu 2,44%.

– PETROBRAS PN avançou 0,41%, em dia de variação modesta do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedeu 0,24%. Também no radar estava uma decisão do Ibama, tomada na segunda-feira, que permitirá que a Petrobras dê mais um passo em direção à perfuração de petróleo na Amazônia, mas com uma importante ressalva para licenças futuras na área.

– PETZ ON fechou com elevação de 1,39%, tendo de pano de fundo notícia de que o Cade deve aprovar a fusão da companhia com a rival Cobasi. De acordo com o Brazil Journal, a superintendência-geral do órgão antitruste chegou à conclusão de que o nível de concentração das duas empresas somadas é muito baixo, o que torna desnecessário qualquer tipo de compensação.

– GPA ON recuou 3,13%, no terceiro pregão seguido de baixa e ampliando as perdas do mês, marcado pela divulgação de um resultado do primeiro trimestre ainda com prejuízo e mudanças no conselho de administração, além da desistência do investidor Nelson Tanure de seus planos para o varejista. A perda no mês agora supera 24%, após alta de quase 37% em abril.

– SABESP ON valorizou-se 2,32%, endossada por relatório do UBS BB elevando o preço-alvo dos papéis de R$118 para R$145 e reiterando a recomendação de compra. “Ainda vemos potencial de valorização para as ações com iniciativas de corte de custos, oportunidades de crescimento, otimização da estrutura de capital e crescimento orgânico”, afirmaram os analistas.

– BANCO DO BRASIL ON avançou 1,84%, em dia de trégua após fortes perdas na esteira da decepção com balanço do primeiro trimestre. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,13%, SANTANDER BRASIL UNIT recuou 0,1% e BTG PACTUAL UNIT perdeu 1,19%, enquanto BRADESCO PN avançou 0,97%.

– VALE ON encerrou com variação positiva de 0,02%, em dia de avanço dos futuros do minério de ferro na China em meio à demanda resiliente de curto prazo para o ingrediente de fabricação de aço. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,28%, a 725 iuanes (US$100,39) a tonelada.

– GOL PN, que não está no Ibovespa, saltou 12,09%, após o juiz da recuperação judicial da companhia aérea nos Estados Unidos aprovar o plano de reestruturação da empresa em audiência realizada nesta terça-feira. Com esse aval, a Gol espera deixar o processo de recuperação judicial nos EUA, conhecido como Chapter 11, em junho.

O dólar no dia

Na segunda-feira, a moeda norte-americana havia cedido 0,25% ante o real, numa sessão marcada pelos efeitos do rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela agência Moody’s.

Nesta terça-feira o dólar chegou a oscilar em baixa, dando continuidade ao movimento da véspera, mas rapidamente migrou para o território positivo, com alguns agentes aproveitando para ajustar posições e realizar os lucros da segunda.

“É uma sessão normal de correção deste dólar. Vimos ele perdendo força ontem, com o rebaixamento da nota dos EUA, que acaba trazendo uma pressão maior para a economia norte-americana, mas hoje ele corrige”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

A realização dos lucros da véspera foi um fator citado também entre os profissionais de renda fixa para justificar a elevação das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta terça-feira.

Neste cenário, após registrar a cotação mínima de R$5,6422 (-0,22%) às 9h10, início da sessão, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,6842 (+0,52%) às 15h51 — momento em que, segundo um operador ouvido pela Reuters, agentes encerravam operações do dia já com o foco no fim da sessão.

No exterior, o dólar cedia ante as divisas fortes e em relação a boa parte das demais moedas, com investidores ainda demonstrando preocupação quanto ao quadro fiscal norte-americano.

O presidente dos EUA, Donald Trump, foi ao Capitólio nesta terça para incentivar parlamentares republicanos a resolverem diferenças em relação a um projeto de lei abrangente de corte de impostos — mais uma possível fonte de pressão sobre o Orçamento norte-americano. Analistas independentes dizem que a medida pode acrescentar de US$3 trilhões a US$5 trilhões à dívida de US$36,2 trilhões do governo federal.

Às 17h20, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,42%, a 100,010.

Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 8.878 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.