O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, operando em uma faixa restrita de negociação e sem direção única nos índices de Wall Street, e acumulou perda de mais de 3% no mês.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,5%, a 122.098,09 pontos. No pior momento, tocou 121.928,86 pontos, renovando mínima do ano. O volume financeiro somou 33 bilhões de reais. A bolsa paulista encerrou a semana, que teve um dia útil a menos devido ao feriado de Corpos Christi na quinta-feira, com baixa acumulada de 1,78%. No mês, a perda foi de 3,04% – na maior baixa para o mês desde 2018. No ano, o tombo chegou a 9,01%.

Já o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,2510 reais na venda, em alta de 0,78%. Este é o maior valor de fechamento desde 16 de abril, quando a moeda foi cotada a 5,2686 reais. Na semana, a divisa dos EUA acumulou elevação de 1,60%. Em maio, o avanço acumulado foi de 1,12%.

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Levantamento da Elos Ayta Consultoria mostra que entre os principais índices de investimento, apenas três fecharam com rentabilidade no acumulado no ano até maio. O índice de Small Caps da B3 apresentou a maior queda, com -14,52%, seguido pelo Ibovespa, que recuou -9,01%. Veja gráfico abaixo:

Comparativo de rentabilidade acumulada no ano entre os principais índices de mercado
Comparativo de rentabilidade acumulada no ano entre os principais índices de mercado (Crédito:Divulgação/Elos Ayta Consultoria)

 

Cenário externo e doméstico

Para a estrategista de ações Jennie Li, da XP, além de pouca liquidez devido ao retorno do feriado, o dado mais aguardado do dia, o índice de preços PCE nos EUA, não surtiu grandes efeitos nos mercados.

Medida preferida do Federal Reserve para a inflação, o PCE aumentou 0,3% em abril. Na base anual, subiu 2,7%, após avançar o mesmo valor em março. Os resultados tanto para o mês quanto para o ano vieram em linha com as projeções de economistas consultados pela Reuters.

Para o economista-chefe da Azimut Brasil, Gino Olivares, apesar de um PCE dentro das expectativas, o indicador ainda está longe da meta de 2% do Fed. Ele chamou atenção para uma inflação de bens começando a subir, mesmo de um patamar baixo, antes da consolidação da desinflação do setor de serviços.

Ainda assim, as expectativas de um corte nos juros em setembro subiram para mais de 50%, contra 48,7% observados antes dos dados, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.

Os principais índices acionários norte-americanos fecharam sem direção única, com o S&P 500 e o Dow Jones em alta, mas Nasdaq perto da estabilidade.

No Brasil, para a próxima semana, as atenções se voltam para o relatório Focus, do Banco Central, além de dados do Produto Interno Bruto (PIB). No exterior, o foco recai para os PMIs de vários países, um indicador importante da atividade econômica.

Destaques do Ibovespa

– PETROBRAS PN avançou 3,12%, apesar de queda nos preços do petróleo no mercado externo. A estatal informou que recebeu de acionistas minoritários pedido de convocação de Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para eleição de membros do conselho e presidência do colegiado, mas que entende que não há motivos para a convocação. Ainda assim, a companhia disse que irá submeter os pedidos à avaliação jurídica. No setor, PETRORECONCAVO subiu 4,17%. Na visão de Felipe Martins Passero, sócio da InvestSmartXP, a alta em ações ligadas ao petróleo se deve à expectativa em relação à reunião da Opep+, que deve manter os cortes de produção de petróleo.

– VALE ON teve variação negativa de 0,06%, com recuo nos futuros do minério de ferro, que encerraram a semana em baixa, com a demanda de curto prazo e os dados desanimadores das fábricas da China pesando sobre o sentimento. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou a sessão da tarde com queda de 1,7%, a 865 iuanes por tonelada. Na semana, o contrato recuou 4,7%.

– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,02%, engatando nono pregão consecutivo de queda, enquanto BRADESCO PN perdeu 0,94%, quarta sessão de declínio. Na semana, ambos recuaram 2,6% e 2,3%, respectivamente. SANTANDER UNIT fechou com acréscimo de 0,14%.

– GPA ON despencou 7,72%, com analistas do Itaú BBA retomando cobertura do papel com recomendação neutra. O preço-alvo do banco para a ação do grupo no final de 2024 é de 3,7 reais. “Nosso modelo incorpora as melhorias operacionais e a nova estrutura de capital da empresa, mas não esperamos que o lucro líquido entre em território positivo em 2025”, afirmaram.

– MAGAZINE LUIZA ON fechou com alta de 2,57%. De pano de fundo, a empresa informou na quarta-feira que a gestora Alaska Investimentos passou a deter 5,14% do seu total de ações ordinárias. GRUPO CASAS BAHIA ON, que não faz parte do Ibovespa, caiu 0,28%.

– TOTVS ON encerrou com alta de 1,13%, em meio a comunicado, divulgado na quarta-feira pré-feriado, de redução de participação do fundo GIC Private Limited na Totvs para 5,77%.

– AZUL PN subiu 2,05%, após queda no último dia útil, em meio às notícias de que mantém conversas com a holding controladora da Gol para “explorar eventuais oportunidades”, após um acordo de codeshare entre as empresas que na visão de seu presidente-executivo, John Rodgerson, não deve enfrentar obstáculos antitruste. GOL PN perdeu 3,48%.

– RUMO ON teve decréscimo de 0,2%, depois de a empresa acertar venda de sua fatia de 50% em um terminal no porto de Santos (SP) para um consórcio formado pela Bunge e Zen-Noh Grain por 600 milhões de reais. Analistas do BofA classificaram o acordo como “levemente positivo”.

– AMERICANAS ON, que não pertence ao Ibovespa, afundou 11,54%. A varejista, que está em recuperação judicial após revelar um rombo contábil bilionário, disse na semana passada que esperava divulgar ainda neste mês indicadores financeiros gerenciais, não auditados, que refletem seu desempenho operacional em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.