SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, no penúltimo pregão ano, recuperando o patamar dos 110 mil pontos perdidos no começo do mês, tendo entre os destaques papéis que figuram entre os piores desempenhos da bolsa brasileira em 2022.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,53%, a 110.236,71 pontos. O volume financeiro somou 18,6 bilhões de reais, novamente abaixo da média diária.

Em meio a preocupações com o rumo fiscal do país, agentes financeiros também repercutiram a perspectiva de a desoneração dos combustíveis ser revertida no próximo ano, bem como notícias sobre um eventual novo arcabouço fiscal para o país.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu na véspera ao atual governo que deixe vencer no dia 31 de dezembro a desoneração de impostos federais sobre combustíveis, e indicou ter tido uma resposta positiva do atual ministro da Economia.

Dólar à vista fecha em queda de 0,63%, a R$5,2555 na venda

Caso se confirme, a avaliação no mercado é de que o fim da isenção pode fortalecer a arrecadação, embora possa levar a um repique inflacionário.

Também no radar esteve declaração de Haddad, de que o novo governo deve apresentar nos primeiros dias de janeiro um “plano para solucionar o rombo que o (atual) governo deixou”.

Na visão de Bruno Madruga, sócio e chefe de renda variável da Monte Bravo Investimentos, o tom mais positivo na bolsa seguia o alívio na curva de juros com notícia sobre uma proposta do atual governo para alterar a regra do teto de gastos.

De acordo com reportagem do Estadão/Broadcast, o projeto incorpora a evolução do PIB no cálculo do teto de gastos e integrantes do chamado “centrão” querem amarrar as ideias e apresentar no Congresso uma PEC no começo de fevereiro.

“O texto dessa PEC pode ser usado pelo centrão para reduzir a margem de manobra do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e pautar também o debate fiscal para o ano que vem”, disse Madruga, entendendo que isso beneficia os ativos brasileiros.

Estrategistas do Bradesco BBI reduziram a exposição a ações brasileiras em seu portfólio de América Latina, enxergando riscos diante da falta de um uma âncora fiscal crível, mas seguiram com recomendação ‘overweight’.

No exterior, commodities como o minério de ferro e o petróleo tiveram um comportamento misto, enquanto Wall Street encerrou no vermelho.

A B3 divulgou a terceira e última prévia do Ibovespa que irá vigorar nos primeiros quatro meses do próximo ano, excluindo as units da SulAmérica e confirmando a saída de Positivo e IRB Brasil, sem inclusões.

DESTAQUES

– MAGAZINE LUIZA ON fechou em alta de 6,75%, a 2,69 reais, enquanto AMERICANAS ON avançou 6,11%, em dia de recuperação de papéis de consumo, com e VIA ON subindo 3,38%. No noticiário, a BlackRock aumentou sua participação na Americanas para mais de 5%. No ano, esses papéis acumulam perdas de 62,7%, 68,4% e 53,3%, respectivamente.

– BRF ON evoluiu 7,93%, a 7,76 reais, mas ainda figura entre os piores desempenhos do ano, com baixa de 65,5%.

– IRB BRASIL ON avançou 6,82%, a 0,94 reais, mas ainda contabiliza declínio de 76,6% no ano, na maior queda do Ibovespa em 2023, diante da desconfiança sobre a capacidade da resseguradora de se sustentar, mesmo após aumento de capital.

– PETROBRAS PN caiu 1,23%, a 24,80 reais, sucumbindo ao declínio dos preços do petróleo no exterior, enquanto também permanece a expectativa do anúncio do comando da estatal sob o governo do presidente eleito Lula.

– VALE ON encerrou com variação negativa de 0,22%, a 88,99 reais. Os contratos futuros de minério de ferro tiveram desempenho divergente nesta quarta-feira, com o preço de referência de Cingapura recuando de uma máxima de cinco meses, enquanto o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou a negociação diurna com alta de 0,7%.

– CPFL ENERGIA ON reverteu a queda e subiu 0,28%, a 32,59 reais. A elétrica divulgou acordo ligado a processos fiscais pelo qual pagará 1,29 bilhão de reais.

– PETRORECONCAVO ON avançou 6,79%, a 33,05 reais, após anunciar que celebrou acordo para a compra da totalidade das ações da Maha Brasil por 138 milhões de dólares.

 

(Por Paula Arend Laier)