Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O sinal negativo prevaleceu na bolsa paulista nesta quarta-feira, reflexo de movimentos de realização de lucros, com as ações do Banco do Brasil entre as maiores pressões de baixa do Ibovespa, tendo no radar a divulgação do resultado do último trimestre e do ano de 2024, que ocorreu após o fechamento.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,95%, a 127.308,8 pontos, após marcar 128.528,28 pontos na máxima e 127.028,24 pontos na mínima do dia. O volume financeiro no pregão somou R$20 bilhões.

De acordo com o responsável pela mesa de ações do BTG Pactual, Jerson Zanlorenzi, as ações brasileiras têm mostrado um desempenho mais positivo desde o começo do ano, em boa parte pelo apetite de estrangeiros, mas sem muita estrutura, ou mudanças, no Brasil.

“Tivemos uma performance intensa, rápida, então é natural ocorrer algum ajuste… é até saudável”, afirmou, citando ainda a falta de catalisadores na sessão. O Ibovespa acumula alta de quase 7% no ano.

O pregão nesta quarta-feira teve como pano de fundo o avanço nas taxas dos contratos de DI, o que costuma pressionar negativamente ações de empresas de setores sensíveis à economia, como o varejo, ou com níveis elevados de endividamento.

A temporada de balanços no Brasil também ocupou as atenções, com a repercussão dos números de Carrefour Brasil , GPA e Iguatemi , conhecidos na noite da véspera, enquanto o final do dia reserva os resultados de Vale, Gerdau e BB, entre outros. O BB divulgou seu balanço logo após o fechamento do mercado.

Em Wall Street, o S&P 500 encerrou com acréscimo de 0,24%, marcando um novo recorde, em meio a novas ameaças de tarifas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, além de dados econômicos e a ata da última reunião do Federal Reserve.

DESTAQUES

– BANCO DO BRASIL ON recuou 2% antes da divulgação do balanço, que ocorreu após o fechamento do mercado brasileiro. O banco registrou lucro líquido ajustado de R$9,58 bilhões no quarto trimestre do ano passado, alta de 1,5% ano a ano. Previsões compiladas pela LSEG apontavam lucro líquido de R$9,53 bilhões no último trimestre de 2024. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,93%, BRADESCO PN caiu 1,8% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou negociada em baixa de 1,94%.

– GPA ON perdeu 7,17%, após o dono da rede de supermercados Pão de Açúcar mostrar prejuízo de R$737 milhões nas operações continuadas no quarto trimestre. O Ebitda ajustado consolidado, porém, subiu 25,4% e a margem cresceu 1,4 ponto percentual, a 9,5%. As vendas mesmas lojas subiram 9,6% e a alavancagem financeira caiu a 1,6 vez.

– VALE ON perdeu 0,09% antes do resultado do quarto trimestre, que será conhecido após o fechamento do pregão. Estimativas compiladas pela LSEG apontam lucro líquido de US$1,947 bilhão. Na China, os futuros do minério de ferro avançaram, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrando o dia com alta de 1,48%.

– PETROBRAS PN fechou em alta de 0,21%, renovando máximas históricas e completando cinco pregões seguidos de alta. No exterior, o barril de petróleo do tipo Brent, usado como referência pela estatal, avançou 0,26%.

– LWSA ON caiu 8,19%, no segundo pregão seguido no vermelho, após acumular até a segunda-feira três altas seguidas, com um ganho de quase 11% no período. Na semana passada, a companhia anunciou que o conselho de administração elegeu Rafael Chamas Alves como presidente, bem como aprovou novo programa de recompra de até 38,8 milhões de ações.

– LOJAS RENNER ON recuou 3,63%, contaminada nesta sessão pelo avanço nas taxas dos DI antes do balanço previsto para a quinta-feira, após o fechamento. O índice do setor de consumo terminou o dia com declínio de 2,12%.

– CPFL ENERGIA ON avançou 1,72%, reagindo após duas quedas seguidas, em movimento descolado do setor, com o índice de energia elétrica da B3 caindo 0,51%.

– USIMINAS PNA valorizou-se 0,5%, endossada por relatório do Itaú BBA, que elevou a recomendação das ações para “outperform” e o preço-alvo de R$7 para R$8,50, citando um “momentum positivo” operacional e “valuation” atrativo. No setor, GERDAU PN, que também divulga balanço após o fechamento, cedeu 0,46% e CSN ON caiu 1,46%.

– CARREFOUR BRASIL ON cedeu 2% mesmo após o balanço do último trimestre do ano passado mostrar salto de 241% no lucro líquido. O resultado incluiu R$1 bilhão em ativos tributários diferidos relativos a perdas acumuladas do grupo Big. O Ebitda ajustado cresceu 2,2%, enquanto a margem recuou 0,2 ponto, a 6,5%.

– IGUATEMI UNIT recuou 3,09%, após os números do quarto trimestre, que mostraram lucro líquido ajustado 21,9% acima do registrado no mesmo período de 2023. O Ebitda ajustado cresceu 19,4% e a margem avançou a 84%. A companhia divulgou projeções para 2025, incluindo crescimento da receita líquida de shoppings entre 7% e 11%.

– ONCOCLÍNICAS ON, que não faz parte do Ibovespa, voltou a disparar, fechando com elevação de 16,28%. Na véspera, já tinha saltado 20,56%, completando quatro sessões seguidas no azul. Uma reportagem do blog Pipeline, do Valor Econômico, afirmou que a gestora Latache, de Renato Azevedo, comprou nos últimos dias ações da companhia.

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