O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, refletindo ajustes após disparar na véspera, com as ações da Vale entre as maiores pressões negativas, mas ainda assegurou uma performance positiva no mês, o que não acontecia desde agosto do ano passado.

Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 0,61%, a 126.134,94 pontos, após marcar 127.531,99 pontos na máxima — maior nível intradia desde 12 de dezembro –, e 126.057,34 pontos na mínima do pregão.

Com tal desempenho, o Ibovespa acumulou uma alta de 3,01% na semana e de 4,86% em janeiro, quebrando uma série de quatro perdas mensais, ajudado pela entrada líquida de 4,1 bilhões de reais de estrangeiros neste mês até o dia 29.

O volume financeiro nesta sexta-feira somou 21,65 bilhões de reais.

De acordo com o analista de investimentos Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora, o mercado teve um dia parado, com volume baixo, e, após a alta da véspera, quando o Ibovespa fechou com elevação de 2,82%, era natural alguma realização de lucros.

Ele avaliou que dados mostrando que a dívida pública bruta do Brasil fechou 2024 abaixo do esperado, caindo para 76,1% do PIB em dezembro, de 77,7% em novembro, evitaram uma correção negativa mais expressiva. “É um bom sinal”, afirmou. A expectativa em pesquisa da Reuters apontava para 77,0%.

Declarações da Casa Branca de que os Estados Unidos vão implementar tarifas de 25% para produtos do Canadá e México e de 10% para produtos da China a partir do sábado também minaram a segunda tentativa neste ano do Ibovespa de fechar acima dos 127 mil pontos — isso não ocorre desde meados de dezembro.

Na próxima semana, a cena norte-americana tende a continuar no radar, mas a ata da última reunião do Banco Central do Brasil também estará sob os holofotes, após o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar mais uma alta de 1 ponto percentual na Selic em março, mas deixar em aberto os próximos passos.

Investidores da bolsa paulista também se preparam para o começo da temporada de balanços de empresas do Ibovespa na semana que vem, quando estão previstos os resultados de Itaú, Santander, Bradesco, CCR, Multiplan e São Martinho, entre outros.

 

DESTAQUES

– VALE ON cedeu 1,56%, após forte valorização na véspera (+4,22%), ainda sem o referencial dos futuros do minério de ferro na China em razão de feriado naquele país. As negociações em Dalian serão retomadas na próxima quarta-feira. Em Cingapura, o vencimento de referência da commodity registrou declínio de 0,12%.

– WEG ON caiu 2,08%, conforme agentes seguem avaliando potenciais efeitos na companhia da adoção de tarifas pelo governo Trump sobre o México. Em setembro de 2024, o grupo anunciou 336 milhões de reais em investimentos nos próximos cinco anos no México para atender a demanda da América do Norte. Apesar da queda, a ação subiu 6,52% em janeiro.

– LOCALIZA ON caiu 2,5%, devolvendo boa parte da alta da véspera, quando subiu quase 5%. Analistas do JPMorgan reiteraram recomendação “overweight” para a ação, mas cortaram o preço-alvo de 59 para 58 reais, seguindo uma leve redução nas projeções de receita, Ebitda e lucro para a companha em 2025. Eles também esperam um quarto trimestre fraco no setor.

– VIBRA ON recuou 5,07%, tendo no radar relatório de analistas do Goldman Sachs cortando a recomendação da ação para neutra, bem como o preço-alvo — de 27,40 para 19,50 reais. No setor, ULTRA ON caiu 3,16%, com o banco norte-americano elevando a recomendação do papel para compra, mas reduzindo o preço de 25,10 para 19,70 reais.

– PETROBRAS PN fechou em alta de 0,8%, renovando máximas históricas, após a estatal anunciar o primeiro aumento de preço do diesel em mais de um ano. De acordo com o Itaú BBA, o anúncio demonstra a autonomia da empresa na execução de sua estratégia comercial. No exterior, o barril de Brent fechou com variação negativa de 0,14%.

– BTG PACTUAL UNIT subiu 1,62%, melhor desempenho entre os bancos do Ibovespa, que começam a reportar na próxima semana os resultados do último trimestre de 2024. BTG divulga seus números apenas no dia 10, mas SANTANDER BRASIL UNIT, que avançou 0,89%, e ITAÚ UNIBANCO PN, que caiu 0,65%, divulgam na quarta-feira, dia 5, enquanto BRADESCO PN, que perdeu 0,41%, apresenta na sexta-feira. BANCO DO BRASIL ON, que publica balanço no dia 19 de fevereiro, fechou com acréscimo de 0,14%.

– TOTVS ON valorizou-se 4,45%, com a empresa de tecnologia afirmando que continua avaliando se apresentará ou não proposta vinculante para a aquisição da Linx no âmbito de processo competitivo.

– AZEVEDO & TRAVASSOS ON, que não faz parte do Ibovespa, avançou 9,4%, após anunciar que foram concluídas as etapas preparatórias e obtidas as autorizações para a cisão parcial dos negócios de energia e exploração e produção de petróleo, que passarão a ser concentrados na Azevedo & Travassos Energia. Na máxima do dia, disparou quase 14%.