04/11/2024 - 18:43
O cancelamento da viagem que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faria esta semana à Europa trouxe efeito oposto ao do anúncio, no fechamento da semana passada, de que se ausentaria de Brasília: relativa descompressão na taxa de câmbio e na curva de juros doméstica, ante a expectativa de que o governo esteja mais perto de, enfim, anunciar o aguardado pacote de cortes de gastos públicos. A permanência de Haddad no Brasil – um pedido que teria sido feito pelo próprio presidente Lula – se fez acompanhar nesta segunda-feira por sinais de que o governo acelerou os movimentos para entregar logo o pacote.
Assim, nesta abertura de semana, o Ibovespa mais do que reverteu a queda de 1,23% vista na sexta-feira, quando prevalecia a impressão de que o governo parecia não estar agindo com a urgência considerada necessária pelos agentes de mercado. Hoje, com melhor ânimo dos investidores, a mínima do dia (128.128,13) praticamente correspondeu ao nível de abertura, aos 128.129,60 pontos, tendo o Ibovespa chegado na máxima da sessão aos 130.608,79 pontos. No fechamento, mostrava alta de 1,87%, aos 130.514,79 pontos, com giro financeiro a R$ 19,4 bilhões. Nas duas primeiras sessões de novembro, o índice da B3 sobe 0,62% – no ano, cai 2,74%.
Foi a maior alta diária em porcentual para o Ibovespa desde 6 de fevereiro (+2,21%), vindo o índice, hoje, de perdas nas quatro sessões anteriores.
“As atenções do mercado se voltam para o valor exato dos cortes que serão anunciados pelo governo – e a expectativa é de reduções da ordem de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões”, diz Inácio Alves, analista da Melver, mencionando também a espera pela deliberação do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira, 6, quando a Selic deve ser mais uma vez elevada, possivelmente em meio ponto porcentual.
“Dá pra dizer que é uma das semanas mais aguardadas do ano, com decisão sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil, além, claro, da eleição americana e a expectativa para o pacote fiscal que o ministro Haddad disse estar próximo – o que deu fôlego ao apetite por ações, hoje, com muito poucos papéis do Ibovespa destoando do sinal”, diz Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos.
“Pelas falas do Haddad, existe possibilidade efetiva de cortes de gastos, precisamos ainda entender como será isso”, ressalva Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos, destacando em especial a retração do dólar na sessão, em baixa de 1,47%, a R$ 5,7831 no fechamento, ainda em nível “dentro do esperado”.
No encerramento desta segunda-feira, apenas cinco das 86 ações que compõem o Ibovespa mostravam perdas na sessão. Na ponta ganhadora, destaque para Cogna (+11,03%), Magazine Luiza (+10,38%), CVC (+9,28%) e Pão de Açúcar (+8,19%). No lado oposto, Azul (-3,01%), Hypera (-1,98%), Braskem (-1,04%), Bradesco ON (-0,24%) e Suzano (-0,03%).
Entre as blue chips, destaque para o setor metálico, com Vale (ON +1,03%), CSN (ON +2,49%) e Usiminas (PNA +3,80%). Petrobras ON e PN subiram hoje 0,10% e 0,23%, enquanto, entre os grandes bancos, o desempenho também se mostrou positivo no fechamento – à exceção de Bradesco ON. Itaú PN subiu hoje 1,35%, antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre.