04/09/2025 - 17:55
Com a melhora observada em Nova York no meio da tarde, o Ibovespa ganhou fôlego e chegou a retomar nesta quinta-feira, 4, o nível de 141 mil pontos após uma sequência de três perdas diárias que o havia distanciado muito pouco da máxima histórica, na casa de 142 mil pontos, do intradia da última sexta-feira. No fechamento, o índice da B3 marcava nesta quinta 140.993,25 pontos, em alta de 0,81%, entre mínima de 139.832,12 pontos, da abertura, e máxima de 141.481,83 pontos na sessão. À espera do payroll (dado de emprego dos EUA) da sexta-feira, o giro na B3 se manteve relativamente suavizado, nesta qunita a R$ 18,1 bilhões. No ano, o Ibovespa sobe 17,22% – em baixa de 0,30% na semana e no mês.
O índice da B3 chegou a andar adiante, à tarde, da recuperação registrada também em Nova York, onde os três principais índices fecharam com ganhos entre 0,77% (Dow Jones) e 0,98% (Nasdaq). A ascensão derivou da percepção de que, na sexta, os dados oficiais sobre o mercado de trabalho norte-americano, o chamado payroll, venham a confirmar a perspectiva de que os juros do Federal Reserve possam começar a ser, de fato, cortados ainda este mês.
“O otimismo decorreu de dados mais fracos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, o relatório ADP, que mostrou criação de vagas abaixo das expectativas, enquanto os pedidos semanais de seguro-desemprego subiram, sinalizando desaceleração do setor. Os números reforçam a percepção de que o Federal Reserve pode iniciar o ciclo de cortes de juros já na próxima reunião, neste mês de setembro, com impacto direto nos mercados globais na sessão”, diz Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos.
Além disso, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou nesta quinta, durante participação em evento do Clube Econômico de Nova York, que os riscos descendentes, no mercado de trabalho dos EUA, aumentaram recentemente. “Houve um arrefecimento gradual nas condições do mercado de trabalho para níveis semelhantes aos que prevaleciam nos anos anteriores à pandemia”, disse.
Williams, que como presidente do Fed de Nova York tem direito permanente a voto no comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês), voltou a sinalizar que os juros devem cair à frente, em um ambiente de “equilíbrio delicado de riscos” para o mandato duplo da autoridade monetária. “Se o progresso em nossas metas de mandato duplo continuar como na minha previsão básica, prevejo que será apropriado mover as taxas de juros para um viés mais neutro ao longo do tempo”, afirmou.
Nesse contexto mais favorável ao apetite por risco, “o Ibovespa mostrou força inclusive em relação a outros mercados emergentes, com poucos ativos da carteira deixando de acompanhar esse movimento de alta generalizada que ajudou, em especial, os papéis do ciclo doméstico e do setor financeiro, com a curva de juros mostrando acomodação em relação ao que se via no início do ano”, diz Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester investimentos, destacando a reaproximação do Ibovespa da máxima histórica em pequeno intervalo de tempo.
Na ponta ganhadora do Ibovespa, Yduqs (+6,33%), Cogna (+6,32%) e Cosan (+5,93%). No lado oposto, Brava (-1,66%), WEG (-1,59%) e Pão de Açúcar (-1,30%). Entre os grandes bancos, os ganhos no fechamento chegaram à casa de 2% em Bradesco (ON +2,13%, PN +2,00%). Vale ON subiu 0,20% e Petrobras teve desempenho misto no fechamento (ON +0,48%; PN estável, sem variação). Apenas 13 dos 84 papéis da carteira Ibovespa fecharam o dia no campo negativo.
“A agenda política segue em desenvolvimento, acompanhada pelo mercado ainda, mas com a expectativa de que se viabilize uma alternativa de centro-direita, de oposição, competitiva para 2026”, acrescenta o operador, referindo-se indiretamente à percepção de que, caso uma chapa mais fiscalista venha a sair vitoriosa na eleição presidencial, haveria uma perspectiva mais favorável para a trajetória da dívida pública a partir do ano seguinte.