03/09/2025 - 11:41
O tom positivo dos índices de ações do ocidente e a alta de 0,71% do minério de ferro nesta quarta-feira, 3, em Dalian, na China, são insuficientes para empolgar o Ibovespa. A possibilidade de novas sanções dos Estados Unidos contra o governo brasileiro, sobretudo a algumas instituições como o Banco do Brasil, em meio ao julgamento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, e o recuo do petróleo empurram o principal indicador da B3 para baixo.
Investidores também seguem atentos a desdobramentos das tarifas do governo Trump, que foram consideradas ilegais por um tribunal de apelações nos EUA no fim da semana passada. Além disso, ficam no foco os dados industriais de julho do Brasil, de emprego dos EUA (Jolts), Livro Bege e discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na sexta-feira, sairá o relatório oficial do mercado de trabalho norte-americano.
“O dado mais importante sairá no fim da semana. Então, essa espera deixa o mercado um pouco de lado, e tem esses eventos políticos. Não é nada que influencie O importante mesmo será a resolução do julgamento, embora haja consenso sobre o desfecho possível condenação do ex-presidente, mas há uma parte que é imponderável, pensando no cenário eleitoral de 2026”, descreve Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset.
Segundo Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, há um certo compasso de espera nos mercados pela divulgação de dados como o payroll, na sexta-feira e tarifas. Ele menciona os desdobramentos das tarifas do governo Trump, que foram consideradas ilegais por um tribunal de apelações nos EUA.
No Brasil, Monteiro cita o julgamento da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado, que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete de seus ex-auxiliares. “Os mercados estão e tendem a ficar devagar”, reagindo um pouco à medida que forem saindo novidades.
Apesar de algumas incertezas com tarifas e políticas no Japão bem como fiscais na Europa, o viés é positivo no exterior, ressalta em comentário o economista-chefe do BV, Roberto Padovani. “E leitura positiva da atividade na China.” O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) Composto (que engloba indústria e serviços) chinês subiu de 50,8 em julho para 51,9 em agosto.
Há pouco, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial apresentou queda de 0,2% em julho ante estabilidade (dado revisado) em junho. O recuo veio menos intenso do que a mediana negativa das expectativas, de 0,3%. Após a divulgação, os juros miravam estabilidade.
Conforme o economista do ASA Leonardo Costa, o resultado mostra um quadro de estagnação prolongada da indústria, com quatro meses consecutivos sem crescimento relevante.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,67%, aos 140.335,16 pontos, seguindo Nova York. Na volta do feriado do Dia do Trabalho, as bolsas norte-americanas encerraram em queda na primeira sessão de setembro.
Hoje, o governo Trump deve protocolar uma apelação à Suprema Corte para reverter uma decisão que considerou ilegais as tarifas impostas pelo presidente dos EUA a importações estrangeiras.
“Setembro começou com aversão a risco nos mercados. Isso, apesar de Trump sofrer algumas derrotas”, pontua Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil. Conforme ele, o Índice Bovespa não pode perder a marca dos 140 mil pontos, sob risco de descer ainda mais, rumo aos 138 mil, 137 mil pontos.
Às 11h05, o Ibovespa subia 0,11%, na máxima aos 140.495,88 pontos, após ceder 0,37%, na mínima de 139.810,65 pontos. Entre as ações de primeira linha, Vale subia 0,15%, Petrobrás cedia entre 0,67% (PN) e 1,00% (ON). No caso de grandes bancos, Banco do Brasil era a única ação a recuar: 0,29%. Unit de Santander era a que tinha a maior alta, de 0,85%.