SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa recuava nesta terça-feira, trabalhando abaixo dos 127 mil pontos, com ações de shopping centers mais uma vez entre os destaques negativos, enquanto investidores continuam avaliando os potenciais efeitos no desempenho das companhias na bolsa de mudanças tributárias propostas pelo governo federal.

Às 11:33, o Ibovespa caía 0,89%, a 126.289,92 pontos. O volume financeiro somava 6,7 bilhões de reais.

Apesar de sinalizações de potenciais negociações sobre o texto da segunda fase da reforma tributária apresentado na última sexta-feira, investidores continuam penalizando papéis que tendem a sofrer mais com as mudanças propostas, que incluem tributação de dividendos e fim do mecanismo de juros sobre capital próprio.

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Também no radar está a Aneel, conforme chamou a atenção a equipe da XP Investimentos, uma vez que a agência deve divulgar o reajuste das bandeiras tarifárias.

Na noite da segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou o racionamento de eletricidade no Brasil em meio à crise hídrica enfrentada pelo país, mas pediu que haja consumo consciente para que impactos ao cotidiano da população sejam minimizados.

No exterior, o S&P 500 bateu uma máxima na abertura, impulsionado por grandes bancos dos EUA, enquanto a confiança do consumidor norte-americano subiu em junho para seu nível mais alto desde o início da pandemia de Covid-19.

DESTAQUES

– BRMALLS ON recuava 3,6%, seguida por MULTIPLAN e IGUATEMI ON, em queda de 3,2% cada. Analistas do BTG Pactual afirmaram que medidas propostas na segunda fase da reforma tributária podem ter um efeito relevante no setor, uma vez que contemplam o fim do regime de tributação do “lucro presumido” para as empresas que auferem mais de 50% da receita de aluguel – e tipicamente empresas de shopping centers têm uma combinação de lucro presumido e “lucro real”. Com o fim desse mecanismo, a equipe do BTG estima que a alíquota tributária geral de empresas do setor seja muito mais elevada, bem como um efeito negativo de cerca de 15% no fluxo de caixa proveniente das operações (FFO) em 2023.

– BR DISTRIBUIDORA ON cedia 3,3%, tendo de pano de fundo oferta secundária de papéis da companhia pela Petrobras. Analistas do Credit Suisse também reiteraram recomendação “outperform” para BR, bem como elevaram o preço-alvo para 39 reais, de 32 reais anteriormente.

– VALE ON tinha elevação de 1,4%, mesmo sinal do setor de mineração e siderurgia do Ibovespa, apesar da queda dos futuros do minério de ferro, pressionados por uma redução na demanda por aço na China devido ao clima desfavorável e a ameaças de intervenção no mercado por parte de autoridades do país asiático. Em paralelo, o spread entre o minério de ferro com alto e baixo teores do mineral disparou para o maior nível da história em termos de dólares, sugerindo que as usinas siderúrgicas chinesas estão tentando maximizar a produção utilizando o máximo possível do minério de maior qualidade, o que tende a beneficiar a Vale.

– BRASKEM PNA avançava 3,94%. O grupo Novonor, anteriormente conhecido como Odebrecht, prorrogou até 9 de julho o prazo para entrega de propostas não vinculantes pela sua participação na petroquímica, disse uma fonte com conhecimento do assunto nesta terça-feira.

– ITAÚ UNIBANCO PN perdia 1,7% e BRADESCO PN recuava 1,3%, uma vez que os bancos estavam entre os principais beneficiários da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio (JCP), mecanismo que deve acabar se aprovada a segunda fase da reforma tributária proposta pelo Executivo. BANCO INTER UNIT destoava e subia 3,7%, tendo de pano de fundo recente movimento de aquisições por grupos estrangeiros de participações em fintechs brasileiras.

– BRF ON perdia 2,95%, no terceiro pregão consecutivo de baixa, conforme analistas começam a questionar o patamar de preço das ações, que dispararam recentemente com mudança na base de acionistas da companhia.

– PETROBRAS PN caía 0,7% e PETROBRAS ON recuava 0,2%, na contramão da alta dos preços do petróleo no exterior.