SÃO PAULO (Reuters) – O tom negativo prevalecia na bolsa paulista nesta quarta-feira, na volta de fim de semana prolongado pelo Carnaval, refletindo ajustes ao movimento de ADRs na véspera e com agentes financeiros na expectativa da ata da última decisão de juros do banco central dos Estados Unidos.

Às 14:09, o Ibovespa caía 1,81 %, a 107.201,21 pontos. O volume financeiro somava 4,6 bilhões de reais.

Em Nova York, o índice dos principais ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) brasileiros caiu 2% na terça-feira. Na segunda-feira, não houve negociação nas bolsas norte-americanas em razão do feriado pelo Dia dos Presidentes nos Estados Unidos.

O Federal Reserve (Fed) divulga às 16h (horário de Brasília) a ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 31 de janeiro e 1 de fevereiro, quando elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 4,5% a 4,75% ao ano e prometeu “aumentos contínuos” na taxa para enfrentar a inflação.

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“A ata do Fomc será acompanhada de perto”, afirmou Ipek Ozkardeskaya, analista sênior no Swissquote Bank, acrescentando que as autoridades do Fed vão soar preocupadas com o forte mercado de trabalho e vão apontar a resiliência da economia para continuar subindo os juros.

“Portanto, as chances são de que a ata seja dura, e pode pesar ainda mais no sentimento. Mas sempre há uma chance de o mercado ver o copo meio cheio ao invés de meio vazio”, acrescentou em relatório a clientes.

Análise gráfica feita pela equipe da BB Investimentos afirma que o Ibovespa está com uma tendência indefinida de curtíssimo prazo, com o patamar dos 108 mil pontos se mostrando um forte suporte e atraindo compradores.

“Para confirmar uma reversão para uma tendência de alta,…a bolsa ainda precisa romper duas resistências em 111 mil e 114 mil pontos, abrindo espaço para buscar uma alta mais consistente com alvo em 120 mil pontos, hipótese que demandaria algumas semanas para se configurar”, afirmaram os analistas em nota a clientes.

Pesquisa Reuters divulgada nesta quarta-feira mostrou expectativas de que o Ibovespa chegue a 125 mil pontos no final do ano, apoiado no fluxo de capital externo. Até o último dia 16, o saldo de estrangeiros na bolsa paulista estava positivo em cerca de 14,87 bilhões de reais.

DESTAQUES

PETROBRAS PN recuava 1,55%, a 26,03 reais, em dia também de fraqueza dos preços do petróleo no exterior. No final da sexta-feira, a companhia divulgou que o presidente Jean Paul Prates indicou Sergio Caetano Leite para a diretoria financeira e de relações com investidores da petrolífera. Analistas do Citi afirmaram ainda ver riscos em torno da tese de investimento da Petrobras devido às possíveis mudanças na estratégia de longo prazo da empresa e à incerteza sobre sua futura alocação de capital. Nesta quarta-feira, a companhia também informou que o duto OSBAT, que transporta petróleo do terminal de São Sebastião (SP) até Cubatão (SP), segue inoperante para realização de inspeções após fortes chuvas que atingiram o litoral norte do Estado no Carnaval.

VALE ON operava com variação negativa de 0,05%, a 87,99 reais, tendo como pano de fundo variações modestas dos contratos futuros do minério de ferro na China, após um rali prolongado estimulado pelo otimismo em torno de perspectivas de demanda chinesa. O contrato de minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou o pregão diurno com queda de 0,4%, a 909,50 iuanes (131,90 dólares) a tonelada, após cinco sessões consecutivas de alta. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON avançava 0,86%.

ITAÚ UNIBANCO PN caía 1,97%, a 26,35 reais, e BRADESCO PN perdia 2,22%, a 13,63 reais.

AZUL PN mostrava declínio de 6,29%, a 7,3 reais, renovando mínima histórica intradia a 7,25 reais. Além do viés negativo generalizado, investidores também estão atentos aos esforços de refinanciamento da companhia. Neste mês, as agências de risco S&P, Moody’s e Fitch cortaram a nota da empresa. No setor aéreo, GOL PN caía 5,06%.

BRF ON recuava 7%, a 6,38 reais, após três dias de alta, período em que subiu mais de 6%. No setor de proteínas, MINERVA ON caía 6,87%, MARFRIG ON cedia 4,41% e JBS ON perdia 3,04%.

(Por Paula Arend Laier)

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