O Ibovespa, principal índice de bolsa brasileira, a B3, encerrou junho em alta, marcando o quarto mês seguido de resultado positivo. Em junho, o Ibovespa subiu 1,33% e, no semestre, a valorização acumulada é de 15,44%. Vale dizer que em 2025 o índice fechou no negativo apenas no mês de fevereiro.

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Este é o melhor desempenho do Ibovespa desde 2016, quando avançou 18,86% no 1º semestre daquele ano. Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta, destaca que o resultado vem após um segundo semestre de 2024 marcado por perdas (-2,92%) e representa uma recuperação sólida em um ambiente ainda carregado de incertezas fiscais, juros altos e volatilidade cambial.

“A última vez que o índice havia exibido um semestre tão forte havia sido no segundo semestre de 2020, no auge da recuperação pós-pandemia, quando subiu 25,21%. Desde então, os investidores se habituaram a retornos mais tímidos — e, em alguns casos, a quedas relevantes”, diz Rivero.

Ele lembra que o Ibovespa teve desempenhos semestrais positivos na maior parte do tempo desde 2016, mas também amargou perdas importantes, como os piores primeiros semestres tendo sido registrados em 2020 (-17,80%), com a pandemia de Covid-19, e em 2022 (-5,99%), em meio ao ciclo de aperto monetário global.

E com os piores segundos semestres em 2021 (-17,33%) e em 2024 (-2,92%), refletindo tanto turbulências políticas quanto expectativas frustradas com o ambiente macroeconômico local.

Já os melhores segundos semestres foram:

• 2020 (+25,21%)
• 2017 (+21,47%)
• 2018 (+20,79%)

Levantamento da consultoria Elos Ayta aponta a alternância entre otimismo e aversão ao risco nos últimos anos e  mostra como o Ibovespa foi capaz de apresentar ciclos de forte valorização seguidos por movimentos de correção.

Para Rivero, mesmo diante da manutenção da taxa Selic em patamar elevado – atualmente em 15% –  e das tensões fiscais persistentes, o mercado parece ter encontrado algum grau de estabilidade e confiança.

Analistas apontam alguns vetores possíveis para esse avanço, ele diz:

• Expectativas de cortes de juros no segundo semestre, ainda que tímidos;
• Valuation atrativo de ações brasileiras, especialmente diante da queda do dólar no período;
• Alívio em relação ao risco fiscal, com medidas do governo vistas como insuficientes, mas melhores que o esperado;
• Entrada de fluxo estrangeiro seletivo, especialmente em ações ligadas a commodities e bancos.

“Além disso, o enfraquecimento do dólar tem ajudado a melhorar a percepção de risco do Brasil. Isso impacta positivamente a bolsa, reduz a pressão sobre os preços de importados e pode facilitar o ciclo de flexibilização monetária, ainda que lento”, destaca.

Se o Ibovespa tiver um segundo semestre estável ou levemente positivo e fechar 2025 com desempenho anual expressivo, pode ser o melhor ano desde 2019, quando o índice avançou 31,58%.

“O primeiro semestre de 2025 marca um ponto de inflexão no humor do mercado brasileiro, combinando recuperação técnica com expectativas moderadas. Mais do que um movimento de euforia, o que se vê é um retorno à racionalidade, com ativos locais sendo reprecificados após um período prolongado de pessimismo. Se o segundo semestre confirmar essa tendência, 2025 pode entrar para a história como o ano da virada silenciosa — sem estardalhaço, mas com consistência”, conclui.