A valorização de 2,49% do minério de ferro em Dalian, na China, estimula as ações do segmento metálico na B3 e impulsiona o Ibovespa no pregão desta terça-feira, 22. Petrobras também avança, mesmo com recuo de até 1,5% do petróleo no exterior. O movimento ocorre a despeito da fraqueza das bolsas americanas, após a divulgação de alguns balanços fortes (GM e Coca-Cola) e alertas das empresas sobre tarifas.

“O minério puxou o Ibovespa ontem (segunda-feira) e é até um ponto negativo, pois se Vale e Petrobras sobem – os dois maiores pesos da Bolsa -, impossível o Índice não avançar”, pontua Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, no sentido de que vale o mesmo na direção oposta. “A notícia de um projeto de infraestrutura pela China no Tibete é extremamente positiva para a Vale, que é parceiro comercial do país, o que melhoraria a demanda e seus resultados operacionais”, avalia. Aliás, nesta terça-feira a mineradora divulga dados operacionais do segundo trimestre após o fechamento da B3.

Apesar da elevação do principal indicador da B3, há certa cautela dada a proximidade do dia 1º de agosto, devido a incertezas relacionadas às tarifas impostas pelos Estados Unidos a vários países. Em dia de agenda esvaziada de indicadores, o foco fica em eventuais estratégias do governo brasileiro para conter os efeitos do tarifaço americano a produtos do Brasil vendidos para lá. Além disso, serão divulgados o Relatório de Receitas e Despesas Primárias referente ao terceiro trimestre, o relatório operacional da Vale após o fechamento da B3, bem como início da temporada de balanços, com Neoenergia.

A mediana encontrada em pesquisa feita pelo Projeções Broadcast é que relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre apresente um congelamento de R$ 31 bilhões, ou seja, sem contenções adicionais em relação ao que já havia sido anunciado no relatório divulgado em maio (R$ 31,3 bilhões).

Segundo a LCA 4Intelligence, a expectativa é de que o relatório do governo federal traga uma possível redução no contingenciamento de gastos após a manutenção do IOF, ao mesmo tempo em que pode ampliar o bloqueio de despesas, em função das restrições impostas pelo limite de gastos.

E o Brasil continua tentando negociar com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump. A equipe econômica trabalha em medidas para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propostas serão apresentadas nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Estresse de países e investidores aumentam, à medida de que se aproxima a data de aplicação de tarifas pelos EUA para bens e serviços importados”, pontua Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.

Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, confirmou que há um plano pronto para ajudar setores afetados pelo tarifaço, que precisa do aval de Lula. Há relatos de criação de um fundo privado via medida provisória para ajudar empresas e segmentos afetados pelas tarifas, mas sem prejudicar o arcabouço fiscal.

Enquanto isso, nos EUA, o senador republicano Lindsey Graham ameaçou novos aumentos tarifários – de até 100% – a países que mantiverem compras de petróleo da Rússia, colocando o Brasil novamente na mira de Washington.

“O governo brasileiro ainda não conseguiu avançar nas negociações tarifas. Isso ainda é uma incógnita, não sabemos se o prazo será adiado. Aqui, a questão não é só comercial, tem viés político instaurado. Eleva a incerteza”, diz Moreira, sócio da One Investimentos.

Nesta segunda-feira, 21, o Ibovespa fechou em alta de 0,59%, aos 134.166,72 pontos, mas ainda amarga perdas de cerca de 3% em julho. “Há espaço para recuperação, mas a aversão a risco persiste por conta de tarifas e do cenário político no Brasil, mesmo com o Congresso em recesso”, diz Bandeira, da Apimec.

Às 11h14 desta terça, o Ibovespa subia 0,56%, aos 134.929,38 pontos, ante elevação de 0,84%, na máxima aos 135.300,29 pontos, vindo de abertura na mínima de 134.179,51 pontos, com alta de 0,01%. De 84 papéis, oito caíam perto das 11h, sendo o maior recuo de 2,16% (Assai). Vale subia 1,98% e Petrobras entre 1,10% (PN) e 1,75% (ON).