A percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode optar por uma pausa no aperto monetário do país, como ocorreu em junho, estimula apetite ao risco nos mercados lá fora e aqui. Após a abertura em alta das bolsas americanas, o Ibovespa renovou máxima, em busca dos 119 mil pontos. Já o dólar acentuava a queda, aquém de R$ 4,80.

O índice de preços ao consumidor dos EUA anual subiu 3,0% em junho, menos que o avanço de 3,1% calculado na mediana de estimativas de mercado coletadas pelo Projeções Broadcast, e desacelerou a 0,2% na margem (previsão: 0,3%). Já o núcleo da inflação atingiu 0,2% em junho no confronto com abril (projeção: 0,3%) e 4,8% na comparação interanual (estimativa: 5%).

“O CPI deu uma folga nos mercados, é o principal condutor hoje, não tem muito além disso. O dado empolga pois sugere que o Fed pode parar de subir os juros, só não se sabe onde vai parar. Se aparecem mais dados mostrando arrefecimento da inflação, tende a reforçar apenas mais um aumento do juro neste mês nos Estados Unidos”, avalia Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Após a divulgação, o mercado reduziu a probabilidade de os juros nos EUA ficarem acima da faixa de 5,25% a 5,50% até o final do ano. De acordo com ferramenta do CME Group, o mercado dá como quase certa (92,4% de probabilidade) uma elevação de 25 pontos-base, ao intervalo de 5,25% a 5,50%, na reunião de julho, patamar que seria mantido até dezembro (58,7% de probabilidade).

“O CPI veio levemente abaixo das expectativas, tanto no índice cheio quanto no núcleo. O mercado está reagindo bem porque tem chances de o Fed não fazer a alta após a reunião de julho”, avalia Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.

No Brasil o volume de serviços em maio subiu mais do que o esperado, mas sem elevar os temores relacionados à inflação do setor, como indicou na terça-feira, 11, o IPCA, lembrando que este último refere-se a junho. Houve aumento de 0,9% no volume de serviços em relação a abril, contra mediana de 0,4% das projeções.

“Não muda em termos de premissas, não deve alterar a expectativa de queda da Selic em agosto”, afirma Mota, da Manchester.

Ainda nesta quarta-feira, 12, os investidores avaliarão comentários de dirigentes do Fed e o chamado Livro Bege, relatório sobre condições econômicas regionais dos EUA.

As commodities também são fonte de alta do Ibovespa. O petróleo subia até 1,23% mais cedo, mesmo após ganhos de mais de 2% de ontem e tocando os maiores níveis desde o fim de abril. O movimento reflete a expectativa de arrefecimento da inflação americana, o que pode favorecer a demanda pela commodity.

A valorização estimula ganhos das ações da Petrobras, que ainda reagem à informação de que a estatal assinou com a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) o maior contrato da sua história com uma distribuidora de gás natural, no valor estimado de R$ 56 bilhões e vigência de janeiro de 2024 a dezembro de 2034. Às 11h08, Petrobras subia 1,44% (PN) e 1,25% (ON).

Já o minério de ferro avançou 2,61% em Dalian, na China, em meio ao esticamento dos estímulos ao setor imobiliário do país. Vale ON tinha alta de 1,08%. No mesmo horário, o Ibovespa tinha alta de 1,08%, aos 118.841,99 pontos, ante abertura aos 117.557,13 pontos e máxima aos 119.156,48 pontos, quando avançou 1,36%.