Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, com Petrobras entre os principais suportes, mas a cautela persiste uma vez que permanecem os receios com a magnitude da desaceleração econômica global e os rumos da situação fiscal no Brasil.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,42%, a 98.953,90 pontos, após ter tocado 97.231,18 pontos no pior momento da sessão, mínima intradia desde novembro de 2020. Na semana, subiu 0,29%.

O volume financeiro no pregão desta sexta-feira totalizou 24,8 bilhões de reais.

Na quinta-feira, o Ibovespa caiu 1,08%, a 98.541,95 pontos, acumulando uma queda de 11,5% em junho, pior performance desde março de 2020, quando foi duramente afetado pelo alastramento da pandemia pelo Brasil.

De acordo com o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, investidores estão começando julho cautelosos, buscando oportunidades em ativos descontados e ajustando as apostas para os próximos meses.

“Foi uma sessão com investidores ainda incertos sobre os cenários para o segundo semestre”, afirmou.

Na visão da área de macro e estratégia do BTG Pactual, a segunda metade do ano não será menos intensa do que os seis primeiros meses de 2022, em um cenário que inclui desde eleição doméstica até desaceleração do crescimento global.

Na próxima semana, que começa com feriado nos Estados Unidos (Dia da Independência), a agenda norte-americana trará novas informações para as discussões em voga, incluindo a ata da última decisão de juros do Federal Reserve e dados de emprego.

A equipe de economia do Bradesco afirmou que a ata deve ajudar a calibrar as projeções para a taxa de juros norte-americana. No caso do payroll, além do ritmo de criação de vagas, a atenção estará voltada para os números de salário.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN fechou em alta de 2,15%, fornecendo um suporte relevante ao Ibovespa, em sessão positiva para os preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril do Brent – referência usada pela Petrobras – encerrou o dia com acréscimo de 2,4%, a 111,63 dólares.

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,86% e BRADESCO PN avançou 0,76%, também ajudando no fechamento positivo do Ibovespa. No setor financeiro, também se destacaram CIELO ON, com acréscimo de 4,80%, e B3 ON, com elevação de 2,10%.

– VALE ON caiu 1,91%, uma vez que os preços do minério de ferro cederam nesta sexta-feira na Ásia, com o risco de forte desaceleração econômica global alimentando temores de queda na demanda por commodities, apesar dos sinais de uma recuperação na atividade manufatureira na China.

– MAGAZINE LUIZA ON recuou 5,98% e AMERICANAS ON perdeu 5,21%, com varejistas ainda do lado negativo do Ibovespa, dado o cenário de inflação elevada no país e perspectivas de que os juros no Brasil fiquem em níveis elevados por mais tempo. VIA ON cedeu 1,56%.

– IRB BRASIL ON avançou 6,40%, após cair 2,46% no pior momento do pregão, na sequência de uma perda de mais de 30% acumulada em junho, em meio a preocupações de que talvez o ressegurador possa precisar de um novo aumento de capital.

– MRV ON subiu 6,02%, em meio a noticiário intenso sobre a construtora nos últimos dias, incluindo a venda de portfólio de crédito (pró-soluto), alienação de empreendimentos nos EUA e anúncio de programa de recompra de até 2% das ações em circulação.

– BRF ON avançou 5,08%, com o setor de proteínas na ponta positiva. A companhia também aprovou emissão de 1,7 bilhão de reais em debêntures. No setor, MARFRIG ON subiu 3,88%, MINERVA ON fechou em alta de 3,69% e JBS ON mostrou acréscimo de 0,41%.

– FLEURY ON caiu 2,64%, em sessão de ajustes, após disparar cerca de 16% na véspera, na esteira de anúncio da aquisição do Instituto Hermes Pardini.

(Por Paula Arend Laier; edição de André Romani)