O Ibovespa avança nos primeiros negócios nesta quinta-feira, 19, com movimentos técnicos e busca por barganhas ancorando uma pausa na pressão vendedora que derrubou as ações brasileiras na véspera. Os papéis da Automob e da Hapvida estão entre os destaques positivos.

Por volta de 11h10, o Ibovespa subia 0,61%, a 121.509,51 pontos. O volume financeiro somava 3,49 bilhões de reais.

Na quarta-feira, 18, o Ibovespa fechou com um tombo de mais de 3%, no pior desempenho em dois anos, reflexo de preocupações persistentes sobre o cenário fiscal no país e sinalização de menos cortes de juros nos Estados Unidos.

Investidores permanecem atentos ao noticiário envolvendo a tramitação do pacote fiscal no Congresso Nacional nesta sessão, conforme se aproxima o começo do recesso parlamentar, bem como ao movimento do dólar e das taxas dos contratos de DIs.

A Câmara dos Deputados concluiu na véspera a votação de projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários se houver déficit primário, tema encarado como prioritário pelo governo no esforço fiscal.

Mas adiou para esta quinta-feira a votação da proposta de emenda à Constituição que restringe o acesso ao abono salarial, que faz parte do pacote de cortes de gastos.

Ativos subvalorizados, mas cenário desafiador

Na visão de estrategistas do Santander no Brasil chefiados por Aline Cardoso, os ativos brasileiros estão subvalorizados no curto prazo, mas será desafiador reverter essa tendência negativa sem medidas governamentais decisivas.

Eles citaram que a economia brasileira está enfrentando desafios significativos, incluindo uma piora na situação fiscal, altas expectativas de inflação e uma moeda em desvalorização.

Ao mesmo tempo, acrescentaram, o recente pacote de corte de gastos foi visto como insuficiente para estabilizar a trajetória da dívida em relação ao PIB e uma proposta para mudar tributação sobre renda adicionou complexidade à perspectiva fiscal.

Em resposta a esses desafios, o Banco Central aumentou a Selic em 1 ponto percentual e previu mais dois aumentos nas próximas duas reuniões, o que pode ajudar a controlar as expectativas de inflação e conter a desvalorização da moeda.

No entanto, citaram os estrategistas, isso pode ter efeitos negativos para as ações brasileiras, incluindo atividade econômica mais lenta, redução de despesas de capital e maiores dificuldades financeiras para empresas altamente alavancadas.

“Como resultado, prevemos uma fraqueza contínua dos preços dos ativos locais em 2025, interrompida por breves altas e períodos de estabilização”, afirmaram em relatório a clientes.

Eles notaram que clientes institucionais locais estão se preparando para potenciais saídas de capital por meio da criação de reservas de caixa, e que estrangeiros também estão hesitantes devido ao cenário externo desfavorável para emergentes.