17/11/2022 - 12:13
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – A bolsa paulista mantinha um viés bastante negativo nesta quinta-feira, reagindo à proposta do governo eleito de tirar do teto de gastos 175 bilhões de reais para o Bolsa Família a partir de 2023, entre outras sugestões presentes na chamada PEC da Transição.
Às 11:55, o Ibovespa caía 2,05%, a 107.982,57 pontos. O volume financeiro somava 10,7 bilhões de reais, em sessão também marcada por ajustes em véspera de vencimento de contratos de opções sobre ações na B3.
O texto apresentado pela equipe de transição a parlamentares na quarta-feira propõe “excepcionalizar” do teto de gastos 175 bilhões de reais para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023 no valor de 600 reais, com adicional de 150 reais por criança, sem um prazo determinado.
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O texto inclui ainda uma autorização para que parte de receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos, em um limite de 23 bilhões de reais, entre outras possibilidades.
“A PEC veio no pior dos prognósticos”, afirmou a equipe da Tullet Prebon Brasil. “Apesar de o Congresso provavelmente moldar a PEC, a primeira sinalização foi ruim”, acrescentou em relatório a clientes nesta manhã.
Na véspera, o pregão brasileiro já havia refletido preocupações com o texto, divulgado após o fechamento. O Ibovespa encerrou a sessão de quarta-feira em queda de 2,58%.
A equipe do Safra afirmou que é importante ver como o legislativo vai se comportar sobre o tema, inclusive nessa questão de prazo, mas eles não veem hoje o Banco Central mudando discurso e subindo juros em função desses gastos, uma vez que o patamar atual já é muito elevado.
“Nesse sentido, o que poderia trazer sim alguma pressão inflacionista, e com isso uma reação diferente do Banco Central, é um dólar mais forte por um prazo mas longo, mas ainda é cedo para tirar conclusões a respeito”, afirmaram em nota a clientes.
Em meio ao estresse com a PEC, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que está em viagem ao Egito, voltou a criticar nesta quinta-feira a regra do teto de gastos e desdenhou das reações do mercado financeiro a suas falas, endossando o viés negativo no pregão.
O cenário externo corroborava as vendas na bolsa brasileira, com Wall Street no vermelho em meio a sinais divergentes sobre a economia norte-americana e comentários ‘hawkish’ de autoridade do Federal Reserve, enquanto o petróleo também tinha mais uma sessão negativa.
DESTAQUES
– CYRELA ON caía 10,13%, a 12,77 reais, com o índice do setor imobiliário cedendo 5,7%, dado o efeito negativo na curva futura de juros da perspectiva de mais gastos sem se saber as fontes de financiamento. EZTEC ON recuava 7,82%.
– 3R PETROLEUM ON cedia 8,1%, a 38,03 reais, após divulgar dados preliminares de produção de outubro mostrando queda em relação a setembro. Na visão da Genial Investimentos, a leitura dos números é negativa “por demonstrar uma parada no ímpeto de crescimento da produção nos últimos meses”.
– IRB BRASIL ON recuava 6,98%, a 0,8 real, na mínima histórica. A resseguradora informou que Raphael de Carvalho renunciou ao cargo de presidente-executivo, após pouco mais de um ano na posição. O conselho de administração elegeu o conselheiro Marcos Falcão como novo presidente.
– PETROBRAS PN perdia 0,92%, a 26,9 reais, tendo de pano de fundo a queda dos preços do petróleo Brent, enquanto segue também pressionada pelos receios relacionados à troca do governo no país e os possíveis reflexos na estratégia da petrolífera de controle estatal.
– BRADESCO PN subia 0,79%, a 15,33 reais, entre as poucas altas do Ibovespa, encontrando algum apoio em relatório do JPMorgan que elevou a recomendação para os papéis do banco a “overweight”. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN caía 0,23% e BANCO DO BRASIL ON recuava 3,01%.
– VALE ON caía 0,56%, 81,98 reais, também sofrendo com a aversão a risco na bolsa como um todo, mesmo com o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China tendo avançado 1,7%, para 740 iuanes (103,85 dólares) a tonelada no final do pregão diurno.
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(Por Paula Arend Laier, edição Alberto Alerigi Jr. e André Romani)