04/01/2022 - 19:06
SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira teve sua segunda queda em 2022 nesta terça-feira, em meio a um pregão sem direção única para as bolsas dos Estados Unidos e à manutenção de incertezas fiscais no cenário doméstico.
As ações de bancos e de empresas ligadas a commodities voltaram a subir, enquanto papéis ligados a consumo interno e especialmente ao setor de tecnologia cederam, com alta dos juros futuros no Brasil e do rendimento de títulos do governo dos EUA.
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O Ibovespa caiu 0,39%, a 103.513,64 pontos. O volume financeiro foi de 25,2 bilhões de reais. Na máxima, o índice alcançou 104.276 pontos e, na mínima, caiu a 103.096 pontos.
O Ibovespa abriu no positivo, mas logo virou. O índice ensaiou reação, chegando a operar no azul no início de tarde, mas voltou a cair.
Ações de bancos nos EUA levaram o Dow Jones para novo recorde de fechamento, enquanto a queda nos papéis de tecnologia derrubou o S&P 500 e o Nasdaq. A derrocada foi puxada pela alta dos rendimentos dos títulos do governo nos EUA, com expectativas de política monetária mais apertada. A ata do último encontro do Federal Reserve será divulgada na quarta-feira.
Na Europa, o índice STOXX 600 avançou 0,8%, também renovando recorde, após a Organização Mundial da Saúde dizer que estão surgindo novas evidências de que a variante Ômicron da Covid-19 causa sintomas mais leves do que variantes anteriores.
O Ibovespa segue sentindo o peso das incertezas fiscais e sobre o crescimento econômico do país, em meio à alta da taxa de juros e da inflação elevada.
A articulação de servidores por reajustes salariais se mantém no radar do mercado. Em carta referente ao desempenho de dezembro, gestores da Legacy Capital escreveram que esses movimentos devem ficar adormecidos em janeiro, quando ações de pressão e greve têm tipicamente baixa eficácia, mas podem se intensificar ao longo do ano.
Para Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, “preocupações fiscais estão pesando” no Ibovespa, “com a pressão de aumentos salariais dos servidores públicos”, disse ela, citando também a medida provisória que revogou a necessidade de a União compensar o valor da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores.
Internado por conta de uma obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro mostrou melhora e ele não precisará passar por cirurgia, segundo o boletim médico. Mas não há previsão de alta.
DESTAQUES
– INTER UNIT desabou 13,7%, LOCAWEB ON recuou 6,8% e MÉLIUZ ON caiu 5,25%, em sessão negativa para as ações ligadas ao setor de tecnologia, dada a alta nos Treasuries e nos juros futuros no Brasil. A elevação nas taxas pode afetar o custo de financiamento, especialmente para empresas em crescimento.
– VALE ON caiu 1,18%, CSN ON recuou 1,5% e USIMINAS PN teve queda de 0,8%. GERDAU PN ganhou 1,4% e METALÚRGICA GERDAU PN ganhou 2%. O minério de ferro subiu em Dalian, acompanhando ganhos em outros insumos siderúrgicos como carvão metalúrgico.
– PETROBRAS PN subiu 0,4% e ON avançou 1,3%, com o petróleo em alta após a Opep+ decidir elevar a produção de petróleo em 400 mil barris/dia em fevereiro.
– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2,84%, SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 1,46% e BRADESCO PN subiu 0,64%. Papéis do setor subiram na véspera, beneficiados por prorrogação da desoneração da folha para alguns setores sem mudanças na carga tributária das instituições financeiras.
– PETZ ON afundou 8,9%, BANCO PAN PN cedeu 7,8% e NATURA ON recuou 6,45%, entre os destaques de queda.
– KLABIN UNIT subiu 2,55% e SUZANO ON avançou 2,18%, em meio à alta do dólar que beneficia companhias exportadoras.
– CSN MINERAÇÃO avançou 7,1% e 3R PETROLEUM subiu 0,97%, enquanto POSITIVO caiu 5,7%, nas estreias dessas ações como parte do Ibovespa, cuja nova composição começou a valer nesta terça-feira.
– STONECO desabou 11,6% e PAGSEGURO afundou 1O,2%, em meio à liquidação das ações de tecnologia em Wall Street e após UBS cortar recomendação das duas companhias para neutra e reduzir seus preços-alvos.
(Por Andre Romani)